2º lugar no Sisu faz experimentos e constrói foguetes desde criança
Fascinado por foguetes, o estudante Bernardo Monteiro, 17, conquistou não apenas sua vaga no curso de engenharia aeroespacial na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), como a segunda maior média do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no Sisu: 858,3 pontos, e o primeiro lugar em seu curso. O estudante atribui seu bom desempenho ao apoio dos pais, que o incentivaram a experimentos científicos desde criança.
O garoto, que mora em Nova Lima (MG), região metropolitana de Belo Horizonte, fala e escreve fluentemente em inglês e atendeu à reportagem do UOL de Orlando (EUA), onde passa férias com a família.
Filho do engenheiro eletricista Murilo Silva Monteiro, especialista em T&I (tecnologia da informação), e da engenheira civil Maria de Lourdes França Teixeira de Castro Bahia, que atua na área de mineração, ele tem somente uma irmã: Marina, de 15 anos.
Com a aprovação pelo Sisu, Bernardo Monteiro começa a frequentar o curso de engenharia aeroespacial da UFMG, a partir de 3 de fevereiro.
Foguetes de água
“Escolhi engenharia aeroespacial porque sou fascinado por foguetes, em boa parte pela influência do meu pai, que sempre me encorajava a aprender mais sobre o assunto. Meus pais me incentivavam, não falando para eu fazer alguma coisa, mas me levando para comprar o material que eu precisava”, afirma o estudante.
“Construí alguns experimentos e protótipos, como modelos de arma de rolha, que funcionam a pólvora ou a ar comprimido. Eletroímãs e transformadores, com enrolamentos independentes em torno de um núcleo de ferro-silício, e diversos foguetes de água. Além disso, gosto muito de matemática e de física. Era impossível escolher um curso não relacionado com engenharia.”
O apoio para colocar em prática o que aprendia na teoria e assim desenvolver seus projetos veio também dos professores. “Os meus professores de física do ensino médio no (Colégio) Loyola me ajudaram a melhorar gradualmente os foguetes e me permitiram fazer os trabalhos de escola com eles”, conta.
O garoto explica ainda que, embora goste de livros de aventura – o último lido foi a série "Game of Thrones (A Song of Ice and Fire)", na versão original em inglês –, ele mantém o hábito de ler livros técnicos de computação, voltados para Unix e Latex.
Facebook não atrapalha os estudos
O estudante explica que, embora tenha mudado um pouco sua rotina diária no ano passado, com a carga horária ampliada na escola, não deixou de fazer as atividades que sempre fez por causa do vestibular. “Não deixei de lado a prática de esportes e os encontros com os amigos, nem virei noites para estudar. Isso é importante para não estressar com as provas. Estudar cansado é totalmente improdutivo”, diz.
Ele explica que os pais sempre lhe apoiaram nos estudos, mas também deram autonomia. Ele decide os horários de estudo e o que estudar.
Bernardo Monteiro, assim, manteve a rotina de tênis uma vez por semana, três treinos de basquete por semana, aula de música também uma vez por semana e frequenta a academia na mesma periodicidade. Nos fins de semana, alterna passeios de bicicleta e motocicleta.
Além disso, ele não deixou de sair com os amigos e manteve o hábito de usar o Facebook. “Isso não atrapalha nos estudos. Twitter só não uso porque não vejo muita graça”.
Na avaliação do estudante, cada aluno tem uma forma de aprender e estudar. Entretanto, para o estudante, o exercício de consulta de livros de teoria na hora dos estudos é importante para o aprendizado da matéria. “Com a consulta aos livros, na hora dos exercícios, a pessoa fixa mais a matéria. É mais fácil fixar a matéria quando você precisa dela para resolver a questão”, afirma.
Física e mentalmente cansado
Bernardo Monteiro lembra ainda que estudar cansado, física e mentalmente, ou desgastado e triste, é pura perda de tempo. “O mais importante é sempre estudar descansado, e não sacrificar o tempo de sono para o estudo, além de sempre reservar algum tempo para atividades de lazer, porque elas são importantes para manter a cabeça no lugar, além de mais ânimo para voltar a estudar no dia seguinte”.
Ano passado, cursando o 3º ano do ensino médio e se preparando para o Sisu, a carga horária da escola foi ampliada: as aulas começavam às 7h30 e, com um intervalo entre 12h30 e 14h, se encerravam às 17h30. Bernardo Monteiro, assim, acabou diminuindo o tempo de estudo em casa.
“Precisava de algum tempo para manter o lazer e dormir. Parei de estudar para as provas da escola e priorizei os estudos para o vestibular. Ao estudar para o vestibular me preparava indiretamente para as provas da escola.”
“É importantíssimo prestar atenção nas aulas e fazer as atividades propostas. Se o professor dá um exercício para ser resolvido em sala, o aluno deve resolver e não esperar pela resolução apresentada por ele. Uma das partes mais importantes do aprendizado ocorre em sala de aula”, considera.
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