USP é a melhor universidade do Brasil em lista mundial; Unicamp e UFRJ caem
A USP (Universidade de São Paulo) se manteve como a melhor universidade do Brasil e da América Latina em um dos principais rankings universitários internacionais, o Times Higher Education, divulgado hoje. Por outro lado, a maior parte das universidades brasileiras caiu ou estacionou na lista (veja mais abaixo a relação completa).
Melhor do país há pelo menos oito anos neste ranking, a USP melhorou a pontuação no quesito "impacto das citações", em comparação ao ano passado, e se manteve entre a 251º e a 300ª melhor do mundo —a classificação é feita em grupos a partir da posição 200.
A segunda melhor do Brasil, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), no interior de São Paulo, saiu da faixa de 401-500 para a de 501-600.
Também tiveram piora na avaliação:
- UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que caiu da faixa 601-800 para a 801-1000
- UFABC (Universidade Federal do ABC), UFBA (Universidade Federal da Bahia) e Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), que saíram da faixa 801-1000 para a mais de 1.001.
Em comparação com o ano passado, 29 universidades brasileiras mantiveram a mesma posição no ranking. Já a UFU (Universidade Federal de Uberlândia) saiu da lista.
O Times Higher Education, instituição britânica, produz uma das principais avaliações educacionais do mundo todo. Na edição deste ano, foram avaliadas 1.396 universidades de 92 países. Para este ranking global, critérios como ensino, pesquisa, citações, visão internacional e transferência de conhecimento são utilizados como indicadores de desempenho das universidades.
Em junho, o Times Higher Education publicou um ranking para instituições da América Latina e colocou a PUC-Chile (Pontifícia Universidade Católica do Chile) à frente da USP. Isso porque, apesar de utilizarem os mesmos critérios, as análises consideram pesos diferentes, levando em conta o que a publicação acredita serem fatores mais relevantes para uma análise regional.
Levantamento anterior aos cortes
A coleta mais recente de dados para a elaboração da lista global aconteceu em março de 2019. O período, portanto, não considera o contingenciamento de verbas por que passam hoje as universidades federais, já que o bloqueio foi imposto no fim de abril.
Mesmo assim, a editora do ranking Ellie Bothwell demonstra preocupação com o futuro das universidades brasileiras. Na avaliação dela, "a crescente hostilidade do governo atual em relação à educação superior inspira pouca confiança".
O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) diz ter como prioridade, na área da educação, o ensino básico. Em seu período à frente do MEC (Ministério da Educação), o ministro Abraham Weintraub vem acumulando polêmicas com o ensino superior.
Weintraub já propôs reduzir a verba para cursos de filosofia e sociologia, disse que iria congelar os recursos das universidades que promovessem "balbúrdia" em seus campi, criticou reitores e disse, sem citar fontes, que um aluno de graduação custa dez vezes mais do que uma vaga em creche.
Procurado pelo UOL, o MEC (Ministério da Educação) informou, um dia após a publicação desta reportagem, que "congratula as novas universidades que entraram no ranking e acrescenta que trabalha para que outras entrem e as que já estão possam melhorar sua colocação". "Para chegar a esse patamar, o MEC lançou o programa Future-se, que vai trazer maior autonomia financeira a universidades e institutos federais, além de estimular ações de governança, empreendedorismo, gestão, pesquisa, inovação e internacionalização."
Brasil salta em quantidade, mas não em qualidade
Em quantidade, a representação brasileira no ranking cresceu: foram 46 universidades do país na lista deste ano, contra 35 no ano passado.
O salto fez o Brasil passar de 9º para o 7º país com maior número de universidades na lista, deixando para trás países como Chile, Itália e Espanha. Todas as 11 novas instituições brasileiras, no entanto, foram classificadas na faixa de mais de 1.001.
Bothwell diz que o fato de o Brasil ter conquistado a sétima posição em representação na lista é "uma grande conquista", especialmente considerando o desempenho do país no ranking do ano passado, quando o Brasil perdeu posições pelo segundo ano consecutivo.
Mesmo assim, ela não vê o crescimento com otimismo. "É lamentável que todos os novos registros do Brasil estejam fora do top 1.000 e que várias outras estejam fora da tabela. As constantes questões de financiamento e a falta de uma estratégia de ensino superior não ajudam a solucionar este problema", afirma.
Melhores do mundo
No ranking mundial, a Universidade de Oxford, do Reino Unido, é a líder pelo quarto ano consecutivo. A Universidade de Cambridge e o Imperial College London, outras duas instituições britânicas, também ficaram no topo da lista, ocupando o terceiro e o décimo posto, respectivamente.
O restante do top dez é dominado pelos Estados Unidos, que tem sete universidades entre as melhores. Entre elas, o Instituto de Tecnologia da Califórnia, que aparece em segundo lugar, a Universidade Stanford (quarto) e o Instituto de Tecnologia do Massachusetts, o MIT (quinto).
Completam a lista a Universidade Princeton (sexto), a Universidade Harvard (sétimo) e a Universidade Yale (oitavo), três tradicionais instituições da Ivy League americana, e a Universidade de Chicago (nono).
Ásia
A Ásia desponta como uma região com universidades de destaque, aumentando de dois para 24 o número de instituições classificadas no top 200.
A China ocupa dois lugares no topo, com a Universidade de Pequim subindo sete lugares e ocupando a 24ª colocação. A Universidade de Tsinghua caiu um posto e ficou na 23ª posição. Ao todo, a China tem 81 universidades na lista.
Hong Kong também tem um bom desempenho: das seis universidades classificadas no ranking, cinco ficaram no top 200. Brunei e Vietnã entraram pela primeira vez no ranking e Bangladesh volta à lista após ter ficado de fora no ano passado.
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