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Ribeiro usa debate sobre Fundeb para reconstruir diálogo com o Congresso

Milton Ribeiro discursa em posse no Ministério da Educação - Reprodução/TV Brasil
Milton Ribeiro discursa em posse no Ministério da Educação Imagem: Reprodução/TV Brasil

Guilherme Mazieiro e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

16/07/2020 18h08

O ministro da Educação, empossado hoje (16), se movimenta para reconstruir o diálogo com o Congresso. Ele se reuniu com ministros do núcleo do governo Jair Bolsonaro (sem partido) e parlamentares ligados à Educação para começar a discutir o Fundeb (fundo de financiamento da educação básica), que pode ser votado na semana que vem.

O governo se distanciou do Parlamento e, principalmente da Câmara, durante a gestão Abraham Werintraub. O ex-ministro tinha embates abertos e fazia ataques ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"Compreendo a disposição, ao mesmo tempo que tem um apelo para [Milton Ribeiro] ouvir o grupo técnico que trabalhava no Fundeb. Disse que quer estabelecer um novo diálogo no Congresso e com a área da Educação", disse uma fonte que participou da reunião.

O novo ministro esteve reunido com Braga Netto (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

Apesar da aproximação com parlamentares, ele ainda não se encontrou com Rodrigo Maia.

PEC em discussão

O ex-ministro Weintraub chegou a anunciar que enviaria, este ano, um novo projeto sobre o Fundeb para o Congresso. A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que está para ser votada é discutida há mais de um ano e, durante este período, Weintraub foi cobrado por parlamentares para participar da elaboração do projeto.

A missão de se aproximar dos parlamentares faz parte de um movimento do governo que negociou cargos em troca de apoio.

Na pasta da Educação, foram nomeadas duas pessoas ligadas ao centrão: o ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira (PP-PI), Marcelo Lopes da Ponte, assumiu o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), e o homem de confiança de Wellington Ribeiro (PP-PB), Garigham Amarante Pinto, assumiu a diretoria de ações educacionais da pasta.

O FNDE é uma autarquia que, no ano passado, teve orçamento de mais de R$ 50 bilhões. Neste ano, já recebeu quase R$ 11 bilhões.

Posse virtual

Em seu primeiro discurso como chefe do MEC, hoje, Milton Ribeiro falou em "resgatar o respeito" pelos professores e reverter um cenário de "desconstrução da autoridade" em sala de aula. "Muitas vezes, o que acontece é que a gente vê na TV. Professores sendo agredidos, desrespeitados. E aquilo que eu puder, como ministro da Educação, apoiar as iniciativas, nós precisamos resgatar o respeito pelo professor."

Ele é o quarto ministro indicado para a vaga. Antes dele já foram nomeados por Bolsonaro: Vélez Rodriguez, Abraham Weintraub e Carlos Decotelli.

Ribeiro é pastor e ex-vice reitor da universidade Mackenzie. Além de agradar a bancada evangélica, foi aceito pelos militares próximos a Bolsonaro por ter perfil mais técnico e estudos na área da Educação.