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Para sindicato de docentes de única federal que não parou, sociedade está "cansada de tanta greve"

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte foi a única na qual os professores não pararam - Elendrea Cavalcante/UOL
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte foi a única na qual os professores não pararam Imagem: Elendrea Cavalcante/UOL

Elendrea Cavalcante

Do UOL, em Natal

17/08/2012 06h00

A UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) foi, das 59 federais, a única que não entrou no movimento nacional de greve que completa nesta sexta-feira (17) três meses. Mas, o que levou os professores da instituição a não participar da paralisação?

“A sociedade já estava cansada de tanta greve, movimentos que às vezes não levavam a nada. Tivemos a última em 2003. Com o tempo, passamos a trabalhar com nossos professores a ideia de que só se deve fazer greve quando não há indicativo algum de negociação. E este ano, havia. O governo federal estava disposto a negociar. Era só uma questão de sentarmos e apresentarmos nossa proposta”, afirma Ângela Ferreira, presidente da Adurn (Associação de Docentes da UFRN).

Por pouco, no entanto, os professores não acabaram se juntando ao movimento. Em assembleia, a tese da paralisação venceu, mas um plebiscito derrubou a proposta.  “Ficou decidido que não entraríamos na greve naquele momento. Até porque estávamos encerrando um semestre e não fazia sentido entrar em greve durante o período de férias. Mas ficou acertado que se as negociações não avançassem neste período, não iniciaríamos o novo semestre”, diz. A UFRN possui hoje 3.601 professores. Destes, estão sindicalizados 2.386, entre ativos e aposentados.

Voto contra

O professor Edvaldo Vasconcelos, 31, é vice-diretor da Facisa (Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi) da UFRN, cujo campus está localizado no município de Santa Cruz (a 115 quilômetros de Natal). Insatisfeito com as condições que tem para desenvolver seu trabalho, ele foi um dos docentes que votou a favor da greve na UFRN.

“Desenvolver um trabalho no interior é complicado. Conheço colegas que ficaram doentes por conta do ambiente de trabalho, outros tentam pedir remoção para a capital. É preciso ter um olhar diferenciado para a universidade no interior”, diz.

A Adurn é filiada à Proifes (Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior), que representa professores de pouco mais de 10% das universidades federais e aceitou a proposta de reajuste do governo federal. A UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), membros do Proifes, decidiram encerrar a paralisação.

Já o Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), que reúne os docentes das outras instituições, rejeitou o texto e manteve a greve.

Alunos

Mestre em turismo e agora aluna participante de projetos de pesquisa e extensão dentro da universidade, Viviane Costa, 32, disse que está na universidade desde 2004, e acha que os professores deveriam ter aderido à greve. Ela acredita que eles não tenham entrado no movimento nacional em virtude do calendário letivo.

“A greve é quase sempre a única alternativa para os professores conseguirem aumento em seus salários. Se a educação é a base de tudo como o governo Dilma mostra por aí, os professores precisam ser incentivados”, opinou.

Arlean Barbosa, 19, está apenas no segundo período da faculdade, cursando rádio e TV, e tem medo de que uma greve dos professores atrapalhe o ano. “Seria a favor se eles estivessem entrado em greve sim, mas no período de férias. Ate porque vivemos em democracia e greve é um direito do trabalhador, mas desde que seja feito com responsabilidade.”

Momento é de maturidade, diz reitora

Para reitora da UFRN, Ângela Maria Paiva, a postura adotada pela UFRN mostra “maturidade”, principalmente pelo fato de o governo federal lidar hoje com mais de 30 categorias mobilizadas nacionalmente – em fase de negociação.

“Aqui, nós estamos há anos formando turmas e mais turmas sem passar por uma greve. Não tivemos nos últimos anos nenhum tipo de argumento e movimento propondo greve porque a universidade está sucateada, por exemplo. Isso significa uma universidade madura. E isso dá segurança aos alunos”, diz.