Em Campinas (SP), avô e neto se formam juntos em direito
Nesta quinta-feira (19), uma família de Campinas (SP) terá dois motivos para se emocionar durante a colação de grau da turma de direito da Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). Entre os formandos, avô e neto vão receber juntos os canudos da graduação.
Os dois entraram na faculdade em 2009 e, para cada um, as aulas serviriam como um diferente desafio. Guilherme Ramos Sassi, hoje com 23 anos, perdeu o pai aos 14 e passou um ano, após o fim do ensino médio, sem saber o que estudar. Já o avô Paulo Milton Sassi, que tem 76 anos, estava há mais de 30 anos fora da universidade (ele se formou em 1975 em administração de empresas) e tinha se aposentado.
“Eu estava ocioso e o médico tinha me alertado de que eu precisava fazer uma atividade e não podia ficar parado. Então o Guilherme me desafiou: ‘Vamos prestar o vestibular?’ E resolvemos tentar”, diz o avô.
O neto, porém, tem uma versão diferente para o dia em que os dois decidiram fazer a prova. “Na época, eu estava meio mal e ele me ajudou muito. Ele é que me puxou para isso e disse que podíamos fazer o vestibular juntos”, conta Guilherme.
A relação entre neto e avô fez dos dois grandes colegas de classe e parceiros de estudo. De um lado, Paulo tem facilidade em direito do trabalho, enquanto Guilherme é apaixonado por direito penal. “Meu avô é muito estudioso, enquanto eu gravo muito bem as matérias. A gente sempre se ajudou muito, inclusive nos trabalhos e provas”, diz.
Com o tempo, Paulo se tornou bem mais popular que o neto nos corredores da faculdade. “Quando a gente ingressou, eu era o único velhinho, só tinha gente jovem ou de meia idade. Então, foi uma troca de experiências e os jovens me dedicaram um carinho muito grande.”
Um obstáculo
Durante o curso, Guilherme decidiu fazer um intercâmbio nos Estados Unidos e os dois acabaram em turmas diferentes da faculdade. A mudança, porém, não foi o principal desafio da graduação. Em 2011, Paulo teve uma infecção após uma cirurgia de catarata e perdeu a visão de um dos olhos.
Nesse momento, ele até pensou em trancar a faculdade e desistir, mas amigos, professores e familiares não deixaram que isso acontecesse. Hoje, Paulo diz que a fase de recuperação da cirurgia foi até muito produtiva do ponto de vista acadêmico. “Os professores me passavam trabalhos e eu fazia em casa. Não perdi o semestre e ainda aprendi a trabalhar mais a parte de pesquisa”, conta.
Hoje, Guilherme faz estágio em um escritório de advocacia e o avô é estagiário do serviço de assistência jurídica da universidade. E não pense que os planos juntos param com o fim do curso: os dois começam 2014 com o objetivo de estudar para o Exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e seguir a carreira jurídica.
“Eu só tive ganhos com essa experiência. Consegui manter o cérebro ativo e muitas coisas que eu não sabia acabei aprendendo na faculdade. Eu me sinto feliz e grato à minha família e à minha esposa, com quem me casei em 1956”, diz Paulo.
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