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Ensino Fundamental

Geografia - Créditos de carbono

Ângelo Tiago Miranda

Créditos de carbono

Objetivos

1) Compreender o fenômeno do efeito estufa e sua importância para a existência da vida na Terra;

2) Verificar que a emissão em excesso de determinados gases amplifica o fenômeno do efeito estufa, provocando diversas consequências, como a do chamado aquecimento global;

3) Conhecer as características do Protocolo de Kyoto, uma das muitas alternativas para se enfrentar o problema do aquecimento global;

4) Estabelecer um vínculo entre a existência dos créditos de carbono e a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto;

5) Entender o que são os créditos de carbono e o funcionamento do mercado formado por eles;

6) Observar que os créditos de carbono trazem lucros para as empresas e também para o meio ambiente.

Ponto de partida

Leitura dos textos "Emissão excessiva de gases aumenta temperatura da Terra" e "Créditos de carbono: lucro para empresas e para o meio ambiente".

Estratégias

1) A fim de chamar a atenção dos alunos para o tema, comece a aula dizendo que, atualmente, muitas empresas e governos de países em desenvolvimento encontraram na poluição uma fonte alternativa para aumentar os seus ganhos financeiros e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Pergunte para eles se essa situação não é contraditória? Ganhar dinheiro com a poluição e, ao mesmo tempo, ajudar na redução dela? Informe que isso é possível graças aos créditos de carbono.

2) Realize uma sondagem inicial com a classe, averiguando se algum aluno sabe da existência dos créditos de carbono. Caso a resposta seja positiva, ouça-o atentamente e utilize o que ele disser como ponto de partida para o início da aula. Se a resposta for negativa, informe que eles irão aprender sobre o que são esses créditos, assunto que os afeta diretamente, pois diz respeito a uma melhor qualidade de vida.

3) Informe aos alunos que, para entender os créditos de carbono, é preciso compreender primeiro o fenômeno do efeito estufa e o Protocolo de Kyoto. Inicie explicando o que é o efeito estufa. Utilize a explicação que está no texto "Emissão excessiva de gases aumenta temperatura da Terra". Desmistifique a informação de que o efeito estufa teria sido criado pelo ser humano, pois se trata de um fenômeno natural. Mas ressalte que o ser humano pode acelerar esse processo natural.

4) Em seguida, explique que o efeito estufa começa a se tornar um problema quando a atmosfera retém mais calor e, como consequência, aumenta a temperatura da Terra além do normal - é o famoso aquecimento global. Isso acontece por causa da emissão de gases em excesso, principalmente o gás carbônico. Pergunte quais são os maiores emissores de gás carbônico (dióxido de carbono) do planeta. Provavelmente os alunos responderão que são os veículos, as indústrias etc. A resposta está correta, mas um estudo mais detalhado pode trazer surpreendentes revelações.

5) Informe que uma pesquisa sobre os causadores do aquecimento global, no ano 2000, mostrou que as indústrias e os transportes, concentrados nos países desenvolvidos, contribuíram, respectivamente, com 13,8% e 13,5% das emissões de gás carbônico. Já o desmatamento, que ocorre basicamente nos países em desenvolvimento, como o Brasil, respondeu por 18,2% do total. Explique que o gás carbônico sempre existiu na atmosfera. É graças a ele que o planeta não congelou, pois, conforme a explicação dada no início da aula, o efeito estufa natural é essencial para a existência de vida na Terra.

6) Comente que a natureza também contribui para o aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera, pois esse gás e outros são liberados naturalmente através de vulcões e incêndios florestais, de causas naturais. Mas deixe bem claro que são as atividades humanas que têm elevado a concentração, principalmente desde a primeira revolução industrial. Aproveite para apresentar o Gráfico 1, abaixo, que registra o aumento da concentração de gás carbônico nos últimos 1.000 anos. Peça para os alunos observarem o gráfico e destaque que a concentração de dióxido de carbono vem crescendo mais rapidamente a partir do ano 1800 (já havia ocorrido a primeira revolução industrial e a produção industrial no mundo estava intensa):

Fonte: Revista Nova Escola

7) É importante dizer que não é somente o dióxido de carbono o único vilão, ainda que ele seja responsável por 57% do efeito estufa, pois somam-se a ele outros gases, como o óxido de nitrogênio, vindo das combustões em altas temperaturas e dos fertilizantes, e o metano, associado a queimadas, aterros sanitários e pecuária. Informe que o metano produz 12% do aquecimento global, mas é 25 vezes mais ativo que o dióxido de carbono. Isso significa que uma molécula de metano segura o calor 25 vezes mais do que uma molécula de gás carbônico. A natureza produz um terço dessa substância, enquanto a atividade humana produz dois terços. A abordagem desses pontos vai deixar claro que todos os países, e não somente os mais desenvolvidos, têm sua porção de responsabilidade no aumento do efeito estufa.

8) Mediante esse problema da intensificação do efeito estufa, informe os alunos que uma das alternativas de enfrentar esse problema foi a ONU convocar, em 1997, na cidade de Kyoto (Japão), uma reunião com os 189 países membros. Como fruto dessa reunião foi assinado um tratado (chamado de Protocolo de Kyoto) em que os países se comprometeram a reduzir as emissões de gás em 5%, em relação aos níveis de 1991. Em 2005, esse Protocolo entrou em vigor e os países que o assinaram deveriam atingir a meta até 2008. Até 2012 deve ser firmado um novo acordo, que já se encontra em negociação.

9) Vale dizer que uma das críticas ao Protocolo é que só estão obrigados a diminuir as emissões os países que compõem a lista das nações desenvolvidas, ou seja, o Brasil, por exemplo, ainda não tem metas a cumprir (apesar de o governo federal ter, voluntariamente, fixado metas de redução de emissão de gases de efeito estufa), mesmo estando na lista dos 20 países que mais poluem.

10) Nesse momento da aula, procure estabelecer uma ligação entre a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto e o surgimento dos créditos de carbono, bem como o estabelecimento de um mercado para a negociação desses créditos. Explique que foi convencionado que uma tonelada de dióxido de carbono equivale a um crédito de carbono. Outros gases que contribuem para o efeito estufa também podem ser convertidos em créditos de carbono, utilizando o conceito de carbono equivalente. Esse crédito de carbono é negociado no mercado internacional, onde a redução de gases do efeito estufa passa a ter um valor monetário para conter a poluição. Há diversos meios para consegui-lo: reflorestamento; redução das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis; substituição de combustíveis fósseis por energia limpa e renovável, como eólica, solar, biomassa, PCH (Pequena Central Hidrelétrica), entre outras; aproveitamento das emissões que seriam de qualquer forma descarregadas na atmosfera (metano de aterros sanitários) para a produção de energia.

11) Informe aos alunos que a partir do momento em que o Protocolo entrou em vigor, os países, principalmente os desenvolvidos, começaram a procurar seguir as regras estabelecidas no acordo, e que um dos mecanismos a que puderam recorrer foi a compra dos chamados créditos de carbono de países que diminuíram suas emissões. Ou seja, um país que não tenha atingido o seu limite de emissão de gases de efeito estufa poderá vender para outro a cota que, teoricamente, ainda lhe resta para poluir. Geralmente, os países que adquirem essas cotas são países desenvolvidos, com intensa atividade econômica, principalmente industrial; e, para não ultrapassarem suas metas, compram de outras nações esses "pacotes" suplementares para poluir.

12) Diga para os alunos que essas transações também se dão entre empresas. Exemplifique, dizendo que uma empresa brasileira pode desenvolver um projeto para reduzir as emissões de suas indústrias. Esse projeto passa pela avaliação de órgãos internacionais e, se for aprovado, é elegível para gerar créditos. Nesse caso, a cada tonelada de dióxido de carbono que deixou de ser emitida, a empresa ganha um crédito, que pode ser negociado diretamente com outra empresa ou por meio da bolsa de valores. Como exemplo, informe que, em São Paulo, ocorreu o primeiro leilão para a venda de créditos de carbono. Peça para os alunos pesquisarem na internet, em jornais e revistas essa transação de R$ 34 milhões que aconteceu entre o banco belga-holandês Fortis e a Prefeitura de São Paulo, em setembro de 2007. Os alunos deverão explicar para a classe as características dessa transação, os atores envolvidos, os valores pagos, as consequências para a população de São Paulo etc.

13) Comente que o mercado de crédito de carbono está em pleno desenvolvimento, principalmente por causa do chamado mercado voluntário. Nele, mesmo países que não precisam diminuir suas emissões ou que não assinaram o Protocolo de Kyoto podem negociar créditos. Segundo um relatório divulgado por duas organizações americanas do setor de mercado ambiental, em 2008 o mercado voluntário de carbono movimentou 705 milhões de dólares, por um preço médio de 7,34 dólares por crédito de carbono. Promova uma reflexão com os alunos sobre a expansão futura desse mercado. Diga que é muito difícil para os países desenvolvidos conseguirem atingir suas metas e que, desde que o Protocolo foi assinado, houve um aumento populacional, acompanhado do aumento da necessidade de insumos, e tudo isso acarreta um acréscimo natural da emissão de poluentes.

13) Para encerrar, discuta com os alunos sobre a afirmação de que os créditos de carbono trazem lucros para as empresas e também para o meio ambiente. Informe que algumas pessoas criticam esses certificados, por entenderem que eles autorizam países e indústrias a poluir. E isso pode ser verdade, pois o objetivo ao se criar esse certificado era o de organizar critérios de neutralização da emissão de gases poluidores. Porém, também há embutido nesse programa a intenção de que os países que são os maiores poluidores diminuam suas emissões, e de que esse mercado de carbono sirva de estímulo para incentivar os países em desenvolvimento a, atraídos pelo ganho financeiro, cuidar melhor de suas florestas e evitar queimadas. Assim, tanto os governos e as empresas quanto o meio ambiente saem ganhando.

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