Texto fraco, repleto de erros conceituais, como considerar que uma remuneração baixa é igual à escravidão. O escravo não recebe salário. Quando o recebe, ele não é suficiente para pagar as contas de sua manutenção. Com isso, o trabalhador cria dívidas com a empresa em que trabalha e não pode sair sem saldá-las. Há uma analogia entre isso e a escravidão, porque os escravos modernos só aparentemente recebem remuneração. Escravidão, de um modo geral, nunca se limitou aos negros. Ao longo da história várias outras etnias foram escravizadas. Além dos muitos equívocos sobre a escravidão, o texto não refletiu sobre a proposta que é saber se a escravidão é inerente às sociedades humanas. Também falta ao texto coesão, pois ele se compõe de declarações avulsas, além de equivocadas ou confusas.

1) Primeiro parágrafo: a) A Lei Áurea é brasileira e a escravidão contemporânea não ocorre só no Brasil. b) A escravidão negra não é a única que ocorreu historicamente. Houve escravos de várias cores e etnias ao longo da História. Só para dar um exemplo: o escritor espanhol Miguel de Cervantes, autor do clássico Dom Quixote de La Mancha, foi escravizado uma vez ao longo de sua vida aventureira. c) A escravidão não é uma questão arcaica. Ela existe desde tempo remotos, arcaicos, mas continua sendo um problema contemporâneo.

2) Segundo parágrafo: a) de onde o autor tirou essa informação sobre a indústria multinacional de calçados na África utilizar trabalho escravo? Buscamos no Google e não encontramos nenhum resultado. Fora isso, o exemplo é péssimo, pois particulariza demais ao se referir especificamente à fabricação de sapatos e generaliza demais ao falar de África, que é um continente enorme, com realidades muito diferentes nos vários países que o compõem. b) Por que migalhas foi colocado entre aspas? Claro que não se está falando literalmente de migalhas. De qualquer modo, se a pessoa é remunerada, ainda que mal remunerada, não estamos diante da escravidão. c) E o mais grave: sintaticamente empresas multinacionais é sujeito não só de exploram, mas também de enfrentam e recebem. Mas os dois últimos verbos, evidentemente, não deveriam ter como sujeito empresas multinacionais.

3) Terceiro parágrafo: a) aqui o aluno mistura tipos de trabalho escravo com os métodos que se usam para conseguir escravos atualmente (o tal terror psicológico, que sabe-se lá por que é considerado famoso, palavra que aparece entre aspas sem nenhum motivo linguístico ou gramatical). O trabalho escravo hoje em dia certamente é um trabalho braçal, por oposição a intelectual, mas ele não precisa ser algo que exige exclusivamente uma força física extraordinária. O escravo de uma confecção não precisa ser um Hércules ou um Tarzan. b) Registre-se aqui o uso incorreto de onde como pronome relativo universal, que ocorre reiteradamente no texto.

4) Quarto parágrafo: a) Por que a expressão Direitos Humanos está entre aspas? b) Dar destaque não resolve o problema. c) Direitos não são dádivas e, de resto, o parágrafo termina com o completo abandono das mais básicas noções de sintaxe.