Escravidão: vergonha a ser extinta

NOTA 6,0

Pessoas acorrentadas com o sonho de liberdade que para muitos nunca se concretizou. Esse era o cenário da escravidão no Brasil até a assinatura da Lei Áurea de 1888. Porém, engana-se quem pensa que tal documento extinguiu uma vergonha que apenas vestiu outros trajes para manchar a história contemporânea.

A escravidão, apesar de ferir a legalidade e os princípios éticos e democráticos, é praticada por muitas empresas e empreendedores individuais. No Brasil, por exemplo, esse é um fato muito recorrente. Pessoas são contratadas por empregadores que não pagam salários dignos, em dignos e as obrigam a trabalhar em condições insalubres insalubres, sem equipamento de segurança e ainda submetidas muitas vezes à privação de sua liberdade de ir e vir vir, por dívidas que não têm qualquer fundamento. Isso acontece, principalmente, porque porque, devido ao incentivo à acumulação de capital próprio do sistema econômico vigente, muitos empregadores tendem a não medir esforços em busca do lucro e acabam desconsiderando o valor da vida humana, acrescendo-se também a falta de fiscalização, especialmente em locais isolados, e a escassez de oportunidades de trabalho a pessoas que se submetem a exercer essas funções.

Dessa forma, o regime de trabalho escravo não traz qualquer saldo positivo: destrói a saúde e até a vida dos trabalhadores, tira crianças da escola e o empresário, quando é descoberto, segundo a recém-aprovada PEC do trabalho escravo de 2014, tem suas terras expropriadas, sem qualquer indenização, além de incorrer em pena privativa de liberdade segundo o Código Penal.

Portanto, a escravidão deve ser um regime vergonhoso que apenas os livros e documentos históricos possam abrigá-la. Para isso, é preciso que se intensifique a fiscalização por órgãos como sindicatos trabalhistas e o Ministério do Trabalho, e que qualquer irregularidade seja punida sem qualquer abono da Justiça. Além disso, é preciso que o governo Governo federal crie e incentive oportunidades de emprego e renda dignas especialmente em áreas mais carentes, como por exemplo, reduzindo impostos aos microempreendedores. Afinal o Brasil só poderá ser um país de todos quando seus trabalhadores tiverem intactos seus direitos trabalhistas e suas dignidades.

Comentário geral

Texto bem razoável, apesar da prolixidade do autor, que se mistura a vários outros problemas pontuais, puxando a nota para baixo. Mesmo assim, não se pode dizer que o autor não compreendeu a proposta, uma vez que ele tem claro que é possível e desejável extinguir a escravidão, que ela não é inerente às sociedades humanas. De resto, ele faz uma reflexão apropriada sobre o tema, seguindo a estrutura de uma dissertação argumentativa.

 

Aspectos pontuais

1) Primeiro parágrafo: a) a tentativa de começar com uma frase de efeito não foi bem sucedida. Há ambiguidade em se dizer que as pessoas são acorrentadas com o sonho de liberdade. As pessoas são acorrentadas com correntes e o sentido figurado pretendido na frase não se realiza, até por que o autor muda de foco, ao acrescentar que o sonho não se realizou para muitos. b) A Lei Áurea é um documento, sem dúvida, mas só pode ter efeito por força de ser uma lei. E, mais uma vez, o autor tenta encaixar muitas ideias numa mesma frase, deixando o texto confuso. Melhor seria escrever: Porém, engana-se quem pensa que essa vergonha ficou no passado. Ainda hoje, com outras características, ela continua existir. Vale notar que esse parágrafo tem cunho subjetivo que destoa do resto da redação.

2) Segundo parágrafo: a) um microempreendedor individual só poderia escravizar a si mesmo, uma vez que ele é antes de mais nada um indivíduo. b) há uma confusão que corrigimos em verde: o autor falava ao mesmo tempo dos empregadores e das pessoas escravizadas, sem esclarecer o que dizia de uns e outros. A frase empregadores que não pagam salários dignos, em condições insalubres, etc. dá a entender que são os empregadores que estão nas condições insalubres, etc. c) Não é o incentivo ao acúmulo de capital que gera a escravidão. Quem investe seu dinheiro acumula capital, mas não escraviza necessariamente ninguém. De qualquer modo, o autor percebe a seguir que a causa da escravidão é a ganância criminosa de alguns empregadores.

3) Quarto parágrafo: a) a frase está truncada em termos de sintaxe: o que o autor quer dizer objetivamente é que a escravidão deve ficar no passado. Quando tenta dizer isso de modo figurado, ele se atrapalha. Sua frase ficaria correta assim: a escravidão deve ser um regime vergonhoso, abrigado apenas nos livros e documentos históricos. b) aparentemente, por abono o autor se refere a qualquer complacência da Justiça. 

Competências avaliadas

Itens Nota
Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 1,5
Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. 1,5
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 1,0
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. 1,0
Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. 1,0
Nota final 6,0
Saiba como é feito a classificação das notas
2,0 - Satisfatório 1,5 - Bom 1,0 - Regular 0,5 - Fraco 0,0 - Insatisfatório

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