Afinal, quem ganha com a terceirização?
Com a atual crise econômica no Brasil, as empresas buscam novas soluções para aumentar o lucro e conseguir se manter no mercado. É aí que surge a terceirização da atividade-fim da empresa, algo que até então era proibido por ser considerada considerado uma ameaça aos direitos sociais trabalhistas conquistados nos últimos anos. A terceirização tem sido muito criticada, mas seria ela assim tão ruim?
Para os empresários, a terceirização trará benefícios, sem dúvidas. Afinal são eles os grandes apoiadores da reforma trabalhista. O trabalhador comum, por outro lado, com certeza sofrerá com a diminuição dos salários. Se a terceirização reduz os custos para uma empresa, é porque alguém está pagando por esta redução, e esta pessoa essa redução e essa pessoa é o próprio trabalhador. Quanto a direitos trabalhistas e previdenciários, a atual reforma procura meios para garanti-los, por exemplo, fazendo com que a empresa contratante fiscalize o cumprimento das obrigações pela empresa prestadora de serviços.
Embora com salários menores, a oferta de emprego tende a ser maior, e isto maior e isso não deixa de ser um benefício para o trabalhador. Além disso, haverá mais flexibilidade nas contratações, mais facilidade para mudar de emprego e, com o aparecimento de empresas especializadas no fornecimento de mão-de-obra e mão de obra e, dependendo do de quão aquecida esteja a economia, é possível até mesmo que o emprego venha até o trabalhador, e trabalhador e não o contrário.
Enfim, a terceirização, sendo mais uma das táticas do capitalismo de especialização em busca de lucro, parece ser uma tendência irrefreável. Conquanto tenha pontos negativos, ela também possui pontos positivos e trará a oportunidade para que pessoas mais ousadas, que porventura estejam com seu potencial empreendedor atualmente contido por uma legislação trabalhista engessada, possam criar suas próprias empresas de fornecimento de trabalho especializado e realizar o sonho de ter seu próprio negócio.
Comentário geral
Texto muito bom, independentemente de se concordar ou não com a tese defendida pelo autor, principalmente pelo otimismo que ele apresenta na conclusão. Não importa: o fato é que ele soube introduzir o assunto e refletir sobre ele, argumentando em defesa de seu ponto de vista. Em termos de linguagem, apesar de não ter grandes qualidades estilísticas, o texto se enquadra na norma culta e expressa com clareza as ideias do autor. A falta de coesão e alguns deslizes na argumentação puxam a nota um pouco para baixo. O autor não soube seguir uma linha de raciocínio em que ficasse claramente explicada a sua tese de que, apesar dos prejuízos em termos salariais, a terceirização não só não prejudica os direitos trabalhistas, como também pode aumentar a oferta de empregos e de oportunidades. O problema se evidencia na análise do terceiro parágrafo, de que nos ocuparemos a seguir.
Aspectos pontuais
Terceiro parágrafo: há muitos deslizes aqui, que enfraquecem a argumentação do autor. Deslizes em termos de raciocínio, de encadeamento dos fatos apresentados para formar um raciocínio. Em termos de gramática, os problemas corrigidos em verde não são nada graves.
a) Para começar, o benefício que o empresário tem é a redução de custos com a mão de obra. É devido a essa redução que ele apoia a terceirização. Dizer que a prova do benefício para o empregador é ele apoiar a terceirização é deixar de lado o benefício econômico, que é o X da questão, para falar de uma consequência desse benefício, o apoio à tercerização.
b) Ao referir-se ao trabalhador, o raciocínio do autor está correto, se o valor do trabalho diminui, quem paga esse preço é o trabalhador. O autor, no entanto, parece querer dizer que, apesar da diminuição do salário (ponto negativo), o trabalhador não terá seus direitos trabalhistas prejudicados (ponto positivo). É justamente isso que ele precisa explicitar, que pesando esses dois pontos na perspectiva do trabalhador, ainda assim ele sai ganhando com a terceirização. É esse ponto positivo que, somado aos outros ganhos enumerados no quarto parágrafo, levam o autor da redação a ver a terceirização como um avanço e não como um retrocesso.
Competências avaliadas
Itens | Nota |
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Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. | 2,0 |
Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. | 2,0 |
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. | 2,0 |
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. | 1,5 |
Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. | 1,0 |
Nota final | 8,5 |
Saiba como é feito a classificação das notas | ||||
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2,0 - Satisfatório | 1,5 - Bom | 1,0 - Regular | 0,5 - Fraco | 0,0 - Insatisfatório |
Redações corrigidas
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