Melhorando a educação
No universo de Harry Porter, o professor é figura muito respeitada, a ponto de receber, por vezes, mais destaque do que os protagonistas, o que se percebe claramente no primeiro filme da saga. No Brasil, porém, a realidade é outra. Na rede pública de ensino, os aludidos profissionais são mal remunerados, enfrentam péssimas condições de trabalho, sofrem com a escassez de recursos, são obrigados a suprir a falta de outros profissionais e convivem com revolta dos alunos e dos pais desses de seus pais. A questão é que, até hoje, não foi inventado nada substituísse o professor.
Inegavelmente, os estudantes adotaram a tecnologia como um estilo de vida. Na maioria das vezes, se encontram conectados o tempo todo. A impressão que se tem é que tudo o que precisam está na internet, mormente nos famigerados tutoriais. De fato, o que se evidencia é que os alunos estão cada vez mais autodidatas. No entanto, de forma inversamente proporcional (como na matemática), o senso crítico vem diminuindo. Os estudantes estão aceitando o que lhes é imposto sem questionar, deixando de perceber que suas vidas estão sendo conduzidas pelas grandes empresas, que investem pesadamente em campanhas publicitárias. Daí a importância do professor, o qual tem por função principal suscitar a dúvida, despertar os questionamentos e levantar os debates.
Mas, não é só isso. Os professores também são responsáveis por transmitir as informações contidas nos livros de forma individualizada, respeitando os limites de cada aluno, exatamente como é feito em Harry Porter. Ademais, os mencionados profissionais contribuem para que os estudantes se interessem por outras áreas do conhecimento, expandido, dessa forma, seus horizontes. Nesse sentido, vale destacar que, segundo Paulo Freire, a educação deve ser libertadora, a fim de que o sonho do oprimido não seja o de se tornar o opressor.
Portanto, não se pode pensar na melhoria da educação sem a valorização do professor. Assim, é fundamental que o governo destine parte dos impostos arrecadados para o aumento dos salários desses profissionais. Também é interessante que as concessionárias e permissionárias de serviços públicos repassem aos Estados, mensalmente, um percentual de seus ganhos, os quais servirão para a modernização das escolas. Além disso, se faz necessária à a realização de campanhas publicitárias que visem conscientizar a sociedade da importância dos professores, o que contribuirá para que os mencionados agentes voltem a ser respeitados. Essas medidas certamente contribuirão para o avanço do Brasil, já que tudo o que somos e o que seremos advém dos esforços dos nossos professores.
Comentário geral
Texto bom, tanto em termos de linguagem, quanto de estrutura e conteúdo. O autor soube introduzir o tema, apresentar argumentos sobre a necessidade de valorização do professor e concluir seu raciocínio de forma coerente apresentando sugestões de soluções para o problema em discussão. Há, no entanto, questões pontuais, que reduzem a nota do texto. Além disso, a reflexão do autor opõe equivocadamente tecnologia e magistério, como se este fosse desvalorizado exclusivamente em função do avanço tecnológico.
Aspectos pontuais
1) Primeiro parágrafo: a) Não se trata de erro, mas comparar o mundo real ao mundo da ficção infantil denota certa ingenuidade. O autor poderia ter partido dos exemplos de países que respeitam o professor apresentados na coletânea. Os textos da coletânea servem para isso: para fornecer fatos para a reflexão do autor. b) O professor não é propriamente uma invenção, como a lâmpada, o avião e o automóvel. A escolha do vocabulário não foi feliz e também denota ingenuidade, falta de maturidade do autor.
2) Segundo parágrafo: a) Ou é na maioria das vezes ou é o tempo todo, os dois ao mesmo tempo confunde o leitor. Não é grave, mas é digno de nota. b) O vocábulo mormente destoa do vocabulário empregado no texto em geral, o que não chega a ser um problema, mas por que não usar um vocábulo mais trivial no português contemporâneo? c) Não dá para saber precisamente o sentido em que o vocábulo famigerado é usado. No dicionário ele tem dois sentidos opostos, um positivo e um negativo. Qual dos dois o autor tem em mente. d) Finalmente, o argumento de que a tecnologia colabora com a desvalorização do professor é equivocada. A tecnologia pode rivalizar com o professor, mas pode também colaborar com ele. e) É desnecessária a explicação entre parênteses. É óbvio de onde se extrai a relação de proporcionalidade inversa de grandezas ou quantidades.
3) Quarto parágrafo: cuidado com a sugestão de campanhas publicitárias, que já se transformou num chavão e é apresentada pela esmagadora maioria dos alunos como solução para todo tipo de problemas. Aqui, ela foi usada de modo coerente e pertinente, mas fica o alerta.
Competências avaliadas
Itens | Nota |
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Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. | 1,5 |
Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. | 2,0 |
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. | 1,5 |
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. | 2,0 |
Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. | 1,5 |
Nota final | 8,5 |
Saiba como é feito a classificação das notas | ||||
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2,0 - Satisfatório | 1,5 - Bom | 1,0 - Regular | 0,5 - Fraco | 0,0 - Insatisfatório |
Redações corrigidas
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