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Redações Corrigidas - Setembro/2016 Você faz parte da turma do "eu me acho?"

O quadro de John W. Waterhouse retrata a história de Narciso, jovem que se apaixona por sua própria imagem refletida no lago. Do lado esquerdo, vê-se a ninfa Eco, que era apaixonada por ele, mas ignorada. Esse mito grego deu origem ao conceito de narcisismo. - Reprodução
O quadro de John W. Waterhouse retrata a história de Narciso, jovem que se apaixona por sua própria imagem refletida no lago. Do lado esquerdo, vê-se a ninfa Eco, que era apaixonada por ele, mas ignorada. Esse mito grego deu origem ao conceito de narcisismo. Imagem: Reprodução

Antonio Carlos Olivieri, da Página 3 Pedagogia & Comunicação

01/09/2016 07h00

Sabe o que significa a expressão turma do "eu me acho"? Ela se refere a adolescentes e jovens adultos que foram de excessivamente mimados pelos pais, por seus professores e educadores de modo geral. Criados como se tivessem todos os direitos, como se fossem merecedores de constantes elogios e reconhecimento por tudo que fazem, acham-se especiais e têm dificuldade de se adaptar à vida em sociedade, quando deixam a redoma do lar ou da escola. O fenômeno é explicado por especialistas na reportagem que deu origem a essa proposta de redação. Leia com atenção um trecho do artigo, que esclarece os conceitos de "narcisismo" e de "geração eu" – outras formas de se referir à turma do "eu me acho". A seguir, redija uma redação dissertativa, dizendo se você se considera ou não um representante desse tipo de jovem. O texto deve ter caráter argumentativo, ou seja, você precisa apontar as razões pelas quais se julga em relação ao problema. 

  • Epidemia de narcisismo

    Uma questão que incomoda pais, educadores e empresas no mundo inteiro – é a existência de adolescentes e jovens adultos que têm uma percepção totalmente irrealista de si mesmos e de seus talentos. Esses jovens cresceram ouvindo de seus pais e professores que tudo o que faziam era especial e desenvolveram uma autoestima tão exagerada que não conseguem lidar com as frustrações do mundo real. “Muitos pais modernos expressam amor por seus filhos tratando-os como se eles fossem da realeza”, afirma Keith Campbell, psicólogo da Universidade da Geórgia e coautor do livro Narcisism epidemic (Epidemia narcisista), de 2009, sem tradução para o português. “Eles precisam entender que seus filhos são especiais para eles, não para o resto do mundo”.

    Em português, inglês ou chinês, esses filhos incensados desde o berço formam a turma do “eu me acho”. Porque se acham mesmo. Eles se acham os melhores alunos (se tiram uma nota ruim, é o professor que não os entende). Eles se acham os mais competentes no trabalho (se recebem críticas, é porque o chefe tem inveja do frescor de seu talento). Eles se acham merecedores de constantes elogios e rápido reconhecimento (se não são promovidos em pouco tempo, a empresa foi injusta em não reconhecer seu valor). Você conhece alguém assim em seu trabalho ou em sua turma de amigos? Boa parte deles, no Brasil e no resto do mundo, foi bem-educada, teve acesso aos melhores colégios, fala outras línguas e, claro, é ligada em tecnologia e competente em seu uso. São bons, é fato. Mas se acham mais do que ótimos.

    A expectativa exagerada dos jovens foi detectada no livro Generation me (Geração eu), escrito em 2006 por Jean Twenge, professora de psicologia da Universidade Estadual de San Diego, nos Estados Unidos. No trabalho seguinte, em parceria com Campbell, ela vasculhou os arquivos de uma pesquisa anual feita desde os anos 1960 sobre o perfil dos calouros nas universidades. Descobriu que os alunos dos anos 2000 tinham traços narcisistas muito mais acentuados que os jovens das três décadas anteriores. Em 2006, dois terços deles pontuaram acima da média obtida entre 1979 e 1985. Um aumento de 30%. “O narcisismo pode levar ao excesso de confiança e a uma sensação fantasiosa sobre seus próprios direitos”, diz Campbell. Os maiores especialistas no assunto concordam que a educação que esses jovens receberam na infância é responsável por seu ego inflado e hipersensível. E eles sabem disso. Uma pesquisa da revista Time e da rede de TV CNN mostrou que dois terços dos pais americanos acreditam que mimaram demais sua prole.

    Sally Koslow, uma jornalista aposentada, chegou a essa conclusão depois que seu filho, que passara 4 anos estudando fora de casa e outros dois procurando emprego, voltou a morar com ela. “Fizemos um superinvestimento em sua educação e acompanhamos cada passo para garantir que ele tivesse sua independência”, diz ela. “Ao ver meu filho de quase 30 anos andando de cueca pela sala, percebi que deveria tê-lo deixado se virar sozinho”. Que criação é essa que, mesmo com a garantia da melhor educação e sem falta de atenção dos pais, produz legiões de narcisistas com dificuldade de adaptação?

  • Observações

    Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa.

    Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa.

    Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração.

    A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas.

    De preferência, dê um título à sua redação.

    Envie seu texto até 25 de setembro de 2016.

    Confira as redações avaliadas a partir de 1 de outubro de 2016.

    A redação deve ser enviada para o e-mail: bancoderedacoes@uol.com.br

Redações corrigidas

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Os textos desse bloco foram elaborados por internautas que desenvolveram a proposta apresentada pelo UOL para este mês. A seleção e avaliação foi feita por uma equipe de professores associada ao Banco de redações.

Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica foram aceitas até 2012.

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