Topo

Leitura e interpretação de gráficos - Cada vez mais os vestibulares exigem essa competência

George Schlesinger, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

(Atualizado em 05/05/2014, às 12h40)

Existem diversos tipos de gráficos: linhas, barras, pizzas etc. Estudaremos aqui os gráficos constituídos de linhas num sistema cartesiano de eixos coordenados.

A primeira exigência ao deparar com um gráfico parece óbvia, mas nem sempre é verificada com o cuidado necessário: identificar exatamente o que representam o eixo horizontal e o eixo vertical, bem como as unidades de cada grandeza quando são gráficos de grandezas físicas.

A característica de um gráfico cartesiano é basicamente mostrar como uma grandeza varia em função de outra. Habitualmente reservamos o eixo horizontal para a grandeza que varia independentemente, e o eixo vertical para a grandeza cuja variação é provocada pela primeira.

Por exemplo:


 

 

 

Na figura 1 a posição y varia parabolicamente à medida que x vai crescendo.

Na figura 2 a velocidade v de um corpo varia de forma diretamente proporcional à passagem do tempo t (dizemos que se trata de uma variação linear). Existem gráficos (como os exemplos acima) em que se constata uma variação "organizada", ou seja, a linha do gráfico representa uma função matemática, possível de ser representada algebricamente. É o que ocorre com gráficos no campo da física, em vários aspectos da química e algumas áreas da biologia. Eis alguns exemplos:


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a. Variação da posição de um corpo em função do tempo no movimento uniformemente variado.

b. Variação da temperatura de um corpo conforme a quantidade de calor fornecida.

c. Variação do comprimento de um corpo com a variação da temperatura.

d. Variação do volume de um gás com mudança de pressão, mantendo a temperatura constante (o volume diminui à medida que a pressão aumenta).

e. Crescimento de um determinado microorganismo numa amostra biológica (trata-se de um crescimento exponencial).

Chamamos mais uma vez a atenção para a importância da identificação correta das grandezas representadas em cada um dos eixos, bem como as respectivas unidades de medida.

Clique para acessar conteúdo externo


Os gráficos acima são aparentemente iguais. Representam, porém, dois movimentos distintos: o primeiro representa um movimento uniforme, com a posição s variando (no caso, crescendo) linearmente com o tempo, ou seja, a velocidade é constante. No segundo gráfico, a grandeza que varia (cresce) linearmente com o tempo é a velocidade, e portanto o gráfico representa um movimento uniformemente variado. É a isso que nos referimos quando mencionamos a importância da identificação correta das grandezas representadas.

Repare que a função que origina o gráfico pode ser crescente ou decrescente, ou ainda haver trechos em que é crescente e outros em que é decrescente. É o que ocorre, por exemplo, no gráfico A na primeira fase: o corpo se aproxima da origem (a posição vai diminuindo) até um ponto mínimo. A partir daí a posição passa a aumentar, ou seja, o corpo mudou o sinal de sua velocidade, passou a ir "para frente". O único jeito de um corpo mudar o sentido em que está indo, é parando. Concluímos portanto que neste ponto mínimo o corpo parou para mudar o sentido do movimento.

Este foi um exemplo de interpretação de gráfico. Interpretar significa que o gráfico pode nos dar mais informações além daquelas exibidas à primeira vista.

Vamos ver mais alguns exemplos de interpretação:

Em primeiro lugar, nunca esquecer que, convencionalmente, o sentido dos gráficos é da esquerda para a direita (horizontal) e de baixo para cima (vertical). Assim, o ponto onde o gráfico cruza o eixo vertical representa a situação inicial do problema. No gráfico A o valor 3 metros significa que esse é o lugar de onde o corpo sai. No gráfico C esse ponto representa o comprimento inicial do corpo. No gráfico E, o número de organismos na amostra quando teve início a experiência.

É óbvio que se o gráfico começar na origem O (ponto 0,0) do sistema de coordenadas, a situação inicial é nula. Em alguns casos isso é possível, em outros não. Por exemplo, um móvel pode sair do repouso (velocidade inicial nula), mas nenhum corpo pode ter zero como comprimento inicial, e deve haver pelo um organismo na amostra para que a reprodução seja possível (se for um organismo que se reproduza por divisão celular; se a reprodução for sexuada, precisamos ter no mínimo dois).

Outra informação interessante nos é dada pelo gráfico D: o nome dessa curva é hipérbole equilátera, e ela jamais encosta em nenhum dos dois eixos, pois é impossível que o volume seja zero ou que a pressão seja zero - o que implicaria um volume infinito.

Muitas vezes podemos calcular uma grandeza que não está no gráfico, por alguma associação entre as grandezas presentes. Os gráfico abaixo, H e I, são os mesmos que F e G, assinalando alguns detalhes a mais. No gráfico H, se escolhermos dois pontos quaisquer, se dividirmos a variação vertical

Clique para acessar conteúdo externo

pela variação horizontal

Clique para acessar conteúdo externo

, obteremos a velocidade - neste caso, uma velocidade constante de 2 m/s. Se fizermos o mesmo no gráfico I

Clique para acessar conteúdo externo

, obteremos a aceleração - neste uma aceleração constante de 2 m/s2. Para isto, porém, há uma condição fundamental, um cuidado que precisa se tomar: as grandezas nos eixos precisam ser compatíveis, ou seja, se o tempo estiver em segundos, a velocidade terá de estar em metros por segundo.

O gráfico I pode nos fornecer ainda outra informação importante: se escolhermos dois pontos na reta que retrata a variação de velocidade, a área delimitada pela própria reta, pelo eixo horizontal e pelas verticais que descem dos dois pontos (neste caso, a área é um trapézio) representa a distância percorrida por esse móvel nesse intervalo de tempo. Assim vejamos:

Clique para acessar conteúdo externo


Assim, a distância percorrida pelo móvel entre 0 e 2 segundos é a área do trapézio: (2+4).2/2 = 6 metros

Este recurso é muito utilizado quando se quer calcular o trabalho realizado por uma força, quando temos um gráfico de força (F) por distância (d); ou - lembrando a importância de se prestar atenção às grandezas representadas - calcular o impulso de uma força quando o gráfico é força (F) x tempo (t). Mais uma vez, é importante a coerência entre as unidades: a força em newtons, a distância em metros e o tempo em segundos.



 

 

 

 

 

No primeiro gráfico, a área da figura formada pode ser desmembrada em dois trapézios, cujas áreas são: (5+10).2/2 = 15 e (5+3).10/2 = 40. Portanto, como as unidades são compatíveis, o trabalho total realizado por essa força variável é de 15+40 = 55 Joules.

No segundo gráfico, a figura formada (mesmo que ela não seja "fechada" com o eixo x) é um trapézio de área (5+3).50/2 = 200. Como as unidades são compatíveis, o impulso é de 200 Nxm.

Veja errata.

Veja também

  • Antilogaritmo e cologaritmo - Conceitos relacionados ao logaritmo
  • Conjuntos - Operações - Relações de pertinência e inclusão
  • Conjuntos fuzzy - Conceito recente na teoria dos conjuntos
  • Conjuntos numéricos - Respostas aos problemas da realidade
  • Equação de 2 variáveis - Representação gráfica
  • Equações modulares - Tipos e estratégias de resolução
  • Equações trigonométricas - Dicas de como resolver
  • Expressões trigonométricas - Exercício resolvido
  • Função de 2º grau - Gráfico para equação quadrática
  • Função exponencial - Aplicações em biologia, química e matemática financeira
  • Função linear - Definição e gráfico
  • Função simétrica - Gráfico
  • Funções - Definição a partir dos conjuntos
  • Funções - Características
  • Funções modulares - Variações da função e estudos de gráficos
  • Funções modulares - Construindo o gráfico da função
  • Funções trigonométricas - Gráficos de seno, cosseno e tangente
  • Gráficos das principais funções - Reconheça as curvas mais comuns
  • Identidades trigonométricas - Operações com seno, cosseno e tangente
  • Limites de funções - Associação de dois conceitos importantes
  • Limites e sequências - Operação com números reais
  • Logaritmo - Conceito e mudança de base
  • Logaritmo - Propriedades operatórias
  • Logaritmo - Exercício resolvido
  • Logaritmo - Equações logarítmicas
  • Parábola - Geometria analítica
  • Parábola - Estudo do gráfico da função quadrática
  • Reflexão de gráfico - Função alterada por constante
  •  

     

    Comunicar erro

    Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

    - UOL

    Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

    Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade