Topo

Educação

Banco de Redações

O UOL corrige e comenta 20 redações. Envie a sua sobre o tema da vez


Redações Corrigidas - Novembro/2018 A onda conservadora e o Brasil nos próximos anos

Após a apuração, apoiadores de Jair Bolsonaro festejam sua eleição diante do condomínio onde mora o candidato - Fernando Frazão/Agência Brasil
Após a apuração, apoiadores de Jair Bolsonaro festejam sua eleição diante do condomínio onde mora o candidato Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

Antonio Carlos Olivieri, da Página 3 Pedagogia & Comunicação

01/11/2018 05h00

Em meados desta década, que se aproxima do fim, diversos estudiosos brasileiros e latino-americanos começaram a falar no surgimento de uma “onda conservadora” na política e na sociedade de diversos países da América do Sul. No mês passado, com a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República, essa onda teria definitivamente chegado ao Brasil, após uma campanha marcada pela polarização entre a direita e a esquerda. Nos textos da coletânea que informa essa proposta de redação, você encontrará elementos que o farão refletir sobre a própria ideia de uma onda conservadora. A partir deles e de seus próprios conhecimentos sobre o assunto, redija uma dissertação argumentativa, explicando como você vê esse fenômeno da onda conservadora, se é que ele existe, e o que acredita que vai acontecer no Brasil, durante os próximos quatro anos, tanto em termos políticos quanto em termos sociais. Você encara a mudança de orientação política do país de modo positivo ou negativo? Por quê?

  • A nova onda conservadora no Brasil

    Após eleger em 2014 o Congresso mais conservador em cinco décadas, a sociedade brasileira atingiu o ápice do conservadorismo dos últimos anos em dezembro de 2016, segundo uma pesquisa divulgada pelo Ibope. De acordo com o levantamento, 54% dos brasileiros têm posições tradicionais em relação a questões como legalização do aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, pena de morte e redução da maioridade penal.

    A análise, realizada em 2010 e repetida no ano passado, mostrou uma variação importante. Em temas ligados à violência, todos os questionamentos apresentaram oscilação para cima. A porcentagem de pessoas a favor da pena de morte saltou de 31% para 49%. Quando a pergunta foi acerca da prisão perpétua para crimes hediondos, a porcentagem passou de 66% para 78%.

    Mais recentemente, as manifestações contra exposições artísticas no país, o retorno de um moralismo exacerbado, principalmente nas redes sociais, e a ascensão do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) nas pesquisas de intenção de voto para o pleito presidencial de 2018 transformaram o cenário político e social do Brasil.

    É possível dizer que o Brasil é um país conservador? De acordo com o professor Emérito da USP, José Arthur Giannotti, o conservadorismo brasileiro está associado às bases históricas de construção da sociedade.

    “Um país que nasceu do Estado, forjando uma economia escravocrata e mais tarde, muito desigual, só poderia ser governado por elites cujos acordos excluíam as vontades populares. Há uma camada que sempre foi extremamente conservadora no Brasil e que agora encontrou meios de manifestação”, disse.

    site DW Brasil

  • Existe mesmo uma onda conservadora?

    Houve tempo em que a assim chamada esquerda dominava amplamente o debate público brasileiro. Seu auge parece ter sido em algum momento entre os anos 1990 e os inícios da década passada. Depois as coisas começaram a mudar.

    Trata-se de uma hegemonia que vem de longe. Em seu ensaio Cultura e política, 1964-1969, escrito no final dos anos 1960, Roberto Schwarz observa o fenômeno e tenta algumas explicações. Em pleno regime militar, escreve, “há relativa hegemonia cultural da esquerda. Pode ser vista nas livrarias de São Paulo e Rio de Janeiro, cheias de marxismo, nas estreias teatrais... na movimentação estudantil ou nas proclamações do clero avançado”. E conclui: “Nos santuários da cultura burguesa, a esquerda dá o tom”.

    Este mundo [de hegemonia] explodiu em algum momento, na virada para o século XXI. (...) Por paradoxal que pareça, a eleição de Lula, em 2002, acelerou esse processo. Não contente em simplesmente ser governo, o PT fez algo que não se via, no Brasil, desde o ciclo militar: propôs uma narrativa sobre o Brasil. Nela, Lula surge como divisor de águas. (...) Em uma sociedade plural, era previsível que essa narrativa produzisse seu contrário. E é ela que tem dado o tom de nossa guerra cultural.

    A guerra cultural se diferencia do debate comum, no dia a dia das democracias. Na guerra cultural tudo se torna grandiloquente. Cada questão é vista como dizendo respeito a um “projeto de país”, ou a “modelos de sociedade”. Direitos LGBT? Querem destruir a família... Reúnem-se partidos de esquerda? Estratégia do comunismo internacional... (...) Redução da maioridade penal? Querem criminalizar jovens negros e pardos. (...)

    “Bullshit” [isto é, bobagem] define boa parte do que se habituou a chamar de onda conservadora, no Brasil atual. Dias atrás, li um estudo acadêmico sobre os sites supostamente mais influentes da “nova direita” brasileira. Boa parte deles não passava de páginas de humor politicamente incorreto.

    Fernando Schüller, cientista político, professor do Insper

  • Observações

    Seu texto deve ser escrito na modalidade formal da língua portuguesa.

    Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa.

    Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração.

    A redação deve ser digitada e ter, no mínimo, 800 caracteres e, no máximo, 3.000 caracteres.

    De preferência, dê um título à sua redação.

    Envie seu texto até 25 de novembro de 2018.

    Confira as redações avaliadas a partir de 1 de dezembro de 2018.

    A redação pode ser enviada para o e-mail: bancoderedacoes@uol.com.br

Redações corrigidas

Título nota (0 a 1000)

Os textos desse bloco foram elaborados por internautas que desenvolveram a proposta apresentada pelo UOL para este mês. A seleção e avaliação foi feita por uma equipe de professores associada ao Banco de redações.

Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica foram aceitas até 2012.

Copyright UOL. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução apenas em trabalhos escolares, sem fins comerciais e desde que com o devido crédito ao UOL e aos autores


PUBLICIDADE