REDAÇÕES CORRIGIDAS - Dezembro/2019 Ciência, tecnologia e superação dos limites humanos
A Mitologênese
Na antiguidade, a atribuição de super-poderes à superpoderes a seres mitológicos foi de suma importância para a manutenção de uma ordem social em um contexto religioso, haja vista que o receio desses seres influenciava o comportamento dos indivíduos. Sob tal ótica, é fato que que, no imaginário humano, a ânsia da possibilidade de adquirir habilidades anormais persiste desde os povos antigos. Não obstante, na contemporaneidade, com o avanço científico, a capacidade de alterar genes e permitir tais habilidades se tornou realidade, assim, de que modo a superação dos limites humanos afetaria a sociedade?
A priori, deve-se pontuar que, apesar da de a tecnologia ser vista como progressiva e benéfica, uma vez que seu uso está sujeito aos valores de uma sociedade, os seus efeitos podem ocasionar diversos malefícios. Em um episódio da série Black Mirror, o exército de um estado é submetido aos efeitos de um chip implantado nos indivíduos em que, ao distorcer a visão destes sua visão, facilitava a execução de um genocídio. Analogamente, partindo do pressuposto de que a imposição de poder já é recorrente na sociedade, seja pelo capital ou por força bélica, a ausência de limites para a biotecnologia seria capaz de agravar conflitos e ocasionar atrocidades.
Em segundo plano, vale ressaltar que a transcendência dos limites humanos intensificaria a desigualdade social. No Manifesto Comunista, Marx e Engels explicitam, através de uma análise histórica, a presença da luta de classes nos diversos períodos, em que a dinâmica de um grupo dominar outro sempre foi vigente. Desta forma, além de já haver uma diferença entre os grupos sociais, a obtenção de atributos para uma parte da sociedade, ou somente para indivíduos com poder aquisitivo, seria determinante para a segregação entre humanos.
Em suma, depreende-se que a superação dos limites humanos, por meio das novas tecnologias, afetaria negativamente a sociedade em diversos âmbitos, permitindo a inferiorização de grupos sociais e destilação de violência. Assim, o Ministério da Educação deve incluir no material didático de filosofia atividades de discussão e reflexão acerca da tecnologia e seus limites, visando estimular o senso crítico dos discentes no que tange os efeitos sociais da biotecnologia. Destarte, estas tecnologias tenderão a ser limitadas, e a superação dos limites humanos se manterão, somente, na mitologia e no imaginário humano.
Comentário geral
Texto bom, com problemas pontuais discutidos a seguir.
Competências
- 1) O autor escreve bem, numa linguagem formal, com poucos erros, corrigidos em verde. Vale observar que o título se refere a criação de mitos, não de mitologias e, portanto, deveria ser mitogênese e não mitologênese. De resto, os mitos foram citados apenas para introduzir o assunto. Não têm grande relevância no texto. O uso incorreto do verbo "destilar", em sentido figurado, destoa de todo o texto. É importante observar também que o texto é prolixo.
- 2) O autor compreendeu o tema e desenvolveu uma redação dissertativo-argumentativa. Sua argumentação, porém, não está isenta de problemas.
- 3) Tanto o segundo parágrafo quanto o terceiro apresentam o mesmo argumento: se não houver limites, a tecnologia permitirá que os mais fortes subjuguem os mais fracos. Não adiantou citar autores e livros, o autor, no fundo, repete no terceiro parágrafo o que já havia dito no segundo.
- 4) O autor demonstra saber usar os recursos coesivos, embora faça escolhas vocabulares um tanto quanto aleatórias, ao começar parágrafos com "a priori" e "em segundo plano". Não é erro usar termos da linguagem comum, como "em primeiro lugar" e "em segundo lugar".
- 5) A proposta de solução do problema parece insuficiente, por estender-se por um médio e longo prazo, além de ser genérica. Educação pode servir de solução para qualquer coisa. Outro ponto importante: o autor não está falando somente do Brasil, para apontar somente o MEC como agente da solução.
Competências avaliadas
As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Redações corrigidas
Os textos desse bloco foram elaborados por internautas que desenvolveram a proposta apresentada pelo UOL para este mês. A seleção e avaliação foi feita por uma equipe de professores associada ao Banco de redações.
Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica serão aceitas até 2012.
Copyright UOL. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução apenas em trabalhos escolares, sem fins comerciais e desde que com o devido crédito ao UOL e aos autores.