REDAÇÕES CORRIGIDAS - Dezembro/2016 Pós-verdade, opinião pública e democracia
A palavra da vez
O Dicionário de Oxford escolheu como palavra do ano uma expressão não muito conhecida: pós-verdade. Estudiosos de Oxford perceberam que nos últimos tempos seu uso passou a ser mais frequente: em artigos acadêmicos, por escritores, nos jornais e nas ruas. Pela definição do dicionário, pós-verdade quer dizer "algo que denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência para definir a opinião pública do que o apelo à emoção ou crenças pessoais". Em outras palavras: a verdade perdeu o valor.
A pós-verdade é nítida em dois eventos de repercussão global, em que meias verdades e mentiras desempenharam papel fundamental na opinião pública: o movimento Brexit, com a campanha dizendo que a permanência do Reino Unido na União Europeia custa US$ 470 milhões por semana aos cofres britânicos britânicos, e a eleição de Donald Trump, afirmando que Barack Obama é o criador do Estado Islâmico. De fato, a mentira sempre existiu na política, mas nos dias de hoje a opinião pública está mais vulnerável do que nunca à manipulação, porque a maioria das pessoas aceitam essas mentiras sem questionar, não se guiam pelos fatos, mas pelo o que escolhem ou querem acreditar que é a verdade e evitam o trabalho de conferir a veracidade das teses de que gostam. Além disso, instituições que deveriam facilitar a formação de opiniões, como escolas, ciência, Justiça e mídia vêm sendo vistas com mais desconfiança pelo público, pois tem têm se revelado fértil para a propagação de mentiras.
Portanto, para resolver esse problema, são necessárias as seguintes medidas: deve haver punições e investimentos em campanhas de conscientização da sociedade, orientando as pessoas a buscarem a verdade em fontes com informações confiáveis. Assim, a democracia não será afetada, pois o povo exercerá o seu direito de escolha, sem ser manipulado.
Comentário geral
Entre as advertências estampadas no início da prova de redação do Enem, encontra-se a seguinte: "A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção". É exatamente esse o caso dos dois primeiros parágrafos dessa redação: cópia dos textos motivadores. Apenas no terceiro parágrafo há um índice de autoria, quando se apresentam as sugestões para solucionar o problema. Só esse trecho da redação, portanto, será considerado aqui.
Aspectos pontuais
Terceiro parágrafo:
a) A sugestão de punição é absurda: quem vai punir Donald Trump ou a maioria da população do Reino Unido, que quis deixar a União Europeia? Além disso, a manipulação da verdade não é necessariamente um crime, tipificado por alguma lei que também institua uma pena ou punição para a pós-verdade. Nota-se, com isso, que o autor não entendeu muito bem o tema.
b) Falar em campanhas de conscientização é apelar para um lugar-comum, que vale para qualquer problema. Especificamente, no caso da pós-verdade, campanhas de conscientização não parecem suficientemente eficazes, pois considera-se que quem crê na pós-verdade, crê naquilo com que se identifica emocionalmente, crê na emoção e não na razão. Tendo isso como ponto de partida, seria necessário esclarecer que tipo de campanha poderia ser promovida. Enfim, na única parte do texto em que o autor se manifestou, expôs ideias equivocadas e mostrou incompreensão do tema.
Competências avaliadas
As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Redações corrigidas
Os textos desse bloco foram elaborados por internautas que desenvolveram a proposta apresentada pelo UOL para este mês. A seleção e avaliação foi feita por uma equipe de professores associada ao Banco de redações.
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