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REDAÇÕES CORRIGIDAS - Agosto/2016 Escola no Brasil: com partido ou sem partido?

Redação corrigida 950

A velha censura ataca novamente

Inconsistente Erro Correção

Segundo Hanna Hannah Arendt, o objetivo dos regimes totalitários não era é imprimir convicções na população, mas destruir a capacidade de formá-las. A organização Escola sem Partido apresentou recentemente uma proposta para o sistema educacional que restringe a liberdade de expressão no país, destruindo a capacidade dos alunos e professores do ensino público de formar suas próprias convicções.

O projeto desta dessa organização, que supostamente criaria “escolas sem ideologia e sem partido”, na realidade busca inibir apenas ideologias bem específicas: aquelas que que, em maior ou menor grau grau, são influenciadas pelo pensamento marxista. Os alunos teriam acesso a “canais de comunicação” para denunciar professores que expressassem apoio a estas essas ideologias, mas o projeto nada diz a respeito da ideologia do livre mercado ou da ideologia da igreja católica, o que mostra que, longe de ser imparcial, o projeto é bastante tendencioso.

Contudo, a Constituição de 1988 garante a liberdade de expressão a todos os brasileiros, tanto política, quanto religiosa ou cultural. É importante notar que o descumprimento desta dessa garantia constitucional abriria espaço para a perseguição seletiva de diversas minorias, sejam elas adeptas de religiões ou partidos políticos. Este tipo de perseguição não se limitaria, a longo prazo, aos professores “esquerdistas” e representaria um atentado à democracia.

Portanto, observa-se conclui-se que o projeto educacional da Escola sem Partido é tendencioso e não deve ter espaço em uma sociedade democrática. É necessário entender que cada pessoa ocupa uma posição concreta na sociedade, com acesso a diferentes meios materiais e intelectuais. Cada um observa o mundo a partir de um ponto de vista único, determinado por sua classe social, religião e cultura e, por isso, é impossível esperar imparcialidade de opinião tanto de alunos quanto de professores.

Comentário geral

Texto muito bom, em que o autor demonstra domínio da norma culta e do gênero dissertação argumentativa. Independentemente de se concordar ou não com a sua opinião sobre o tema, ele soube expô-la claramente e defendê-la com argumentos. Em termos de conteúdo, há um argumentos questionável num momento decisivo do desenvolvimento, que poderia levar a diminuir a nota da competência 3. De resto, quanto à conclusão, ele não chega a propor uma solução ao problema, limitando-se a rejeitar o projeto Escola Sem Partido. É necessário acrescentar que essa ressalva que fazemos aqui talvez não fosse considerada por outros corretores, de modo que a nota que damos poderia, sim, ser maior. Poderia muito bem ser a nota máxima. Optamos por ser mais rigorosos do que o normal para alertar os leitores de pequenos problemas que há no texto, de modo a evitá-los.

Aspectos pontuais

1) Primeiro parágrafo: Só um dos comentários aqui se refere a um erro. O restante é apenas um questionamento que visa a mostrar os leitores o cuidado que se deve ter ao expressar ideias por escrito, para evitar ambiguidades. a) é bom lembrar que a proposta de uma escola sem partido surge num Brasil em que vigora um regime democrático. Entende-se a relação que o aluno quer estabelecer, afirmando que a proposta é totalitária. Mas também se poderia dizer que o aluno diz o contrário: que o atual regime brasileiro é totalitário e gera o ambiente para o surgimento dessa proposta. b) É um exagero falar que o projeto Escola Sem Partido detruiria a capacidade de formar convicções. Além disso, o verbo no gerúndio dá a entender que a destruição já estaria em curso, mesmo que o projeto ainda não tenha sido aprovado. c) A proposta não se dirige exclusivamente ao ensino público.

2) Terceiro parágrafo: mais uma vez há algum exagero aqui. Ninguém está propondo o descumprimento da Constituição. No âmbito do regime democrático, não se pode descumprir a Constituição. Ela pode ser mudada, reformada, mas isso por meio de um processo bem mais complicado do que o projeto de lei do senador Magno Malta. É um exagero também afirmar que isso abriria espaço para a perseguição e, mais especificamente, para a perseguição de minorias. Nesse sentido, o argumento apresentado pelo autor poderia ser questionado e refutado, mas isso num âmbito de debate que ultrapassa os limites de uma redação escolar. Para uma redação, o argumento é aceitável, assim como a linha de raciocínio do autor.

Competências avaliadas

As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Título nota (0 a 1000)
Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 200
Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. 200
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 200
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. 200
Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. 150
Nota final 950

Redações corrigidas

Título nota (0 a 1000)

Os textos desse bloco foram elaborados por internautas que desenvolveram a proposta apresentada pelo UOL para este mês. A seleção e avaliação foi feita por uma equipe de professores associada ao Banco de redações.

Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica serão aceitas até 2012.

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