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REDAÇÕES CORRIGIDAS - Novembro/2015 Bandido bom é bandido morto?

Redação corrigida 500

A violência pela violência não vale a pena

Inconsistente Erro Correção

É incongruente o fato de, em pleno século XXI, os brasileiros ansiarem pelo fim da violência, mas 50% deles afirmarem que bandido bom é bandido morto, como mostra pesquisa. O Brasil, em tese, defende a vida e a liberdade, porém, ao passo em que ao passo que há fechamentos de escolas a fim de que haja o aumento de prisões, ou existe a influência midiática sobre a opinião pública, tal defesa se torna nula, já que, de certa forma, promove aquelas ânsias.

A Constituição Federal afirma o direito à vida, inclusive com a exclusão de penas da pena de morte aos criminosos, como algo fundamental ao ser. Porém, à medida que o Estado mata indistintamente em nome da segurança pública, ela se contradiz e mostra-se ineficaz em assegurar tal direito. O caso Amarildo e tantos outros, por exemplo, vieram a público, após investigações midiáticas, e mostraram o mau uso dos títulos policiais.

Recentemente, o governador Geraldo Alckmin mostrou-se favorável ao fechamento de escolas públicas para aumentar o sistema carcerário brasileiro. Tal fato revela a dicotomia existente entre a desigualdade sócio-educacional socioeducacional e a incompetência de formar alunos e cidadãos críticos críticos, sabedores de seus direitos e deveres, por parte do Estado, uma vez que a diminuição do acesso à educação pluralista aumenta as mazelas sociais. De mesmo modo, por pesquisas recentes do DataFolha acerca da reincidência criminosa de ex-dententos, evidencia-se que a ampliação daquele sistema é ineficaz.

Analogamente, a realidade sensacionalista exibida por veículos comunicacionais forma inexoravelmente a opinião pública. Pois, ao passo em que ao passo que jornalistas empoderados da persuasão midiática e midiática, que mostram opiniões particulares de forma a agradar ao público, mas recheando-as com ódio, a sociedade assimila tais informações e, inconscientemente, em períodos noturnos de descanso, busca o fim da violência com a violência.

Nesse sentido, a frase inicial, “bandido bom é bandido morto”, deve ser analisada com cautela, pois está incrementada de valores políticos, segregacionistas e conservadores. Como Pierre de Bourdieu Pierre Bourdieu afirmou que os conceitos são criados ao longo da vida dos homens, a busca pela desconstrução e reflexão dessa frase deve ser levada adiante.

Comentário geral

Texto regular, marcado pela prolixidade e por muitos trechos obscuros ou equivocados. Muitas vezes, parece que o autor tenta “falar difícil” para exibir conhecimentos, em outras simplesmente para dar uma suposta profundidade à expressão de ideias bem simples. É difícil acreditar que essa estratégia consiga impressionar um professor que corrija redações dos vestibulares, de modo que não é aconselhável empregá-la. É melhor, sempre, ser objetivo e sucinto.

Aspectos pontuais

1) Primeiro parágrafo: o autor parece confundir o Estado com sua população. Nem sempre o que o Estado determina é o que a população quer. Não há nenhuma contradição no fato de a Constituição vetar a pena de morte e 50% da população achá-la necessário. Igualmente, o autor toma um fato aparentemente isolado que ocorre no estado de São Paulo e o considera como se fosse um problema nacional e constitucional. Não parece ser o caso. De resto, a Constituição propriamente dita não defende nada e muito menos promove ânsias na população, seja lá o que isso signifique.

2) Segundo parágrafo: a) ser é um termo metafísico que tem um sentido muito amplo. Aparentemente, o autor quer se referir ao ser humano, mas não deixa isso explícito. Certamente, o direito à vida é fundamental e é isso que a constituição afirma, mas não só por vetar a pena de morte. b) A Constituição não se contradiz. É a realidade que a contradiz. c) O que, exatamente, o autor quer dizer com investigações midiáticas? Investigações levadas a cabo pela imprensa? Investigações que ganharam os holofotes da mídia? A expressão é ambígua e parece ter sido usada apenas para dar caráter mais solene à afirmação. d) O que os fatos mostraram foi o abuso de poder por parte de policiais, que agiram como justiceiros, aproveitando-se de sua autoridade. Mau uso dos títulos policiais não significa isso de modo algum e é uma expressão obscura.

3) Terceiro parágrafo: Todo o trecho em vermelho é muito confuso. Não existe nenhuma dicotomia entre desigualdade socioeducativa e incompetência em educar. Pelo contrário, são dois termos que se complementam em vez de se separar. Fora isso, o autor usa termos como crítico e pluralista como se eles tivessem um significado autoexplicativo, o que não é o caso. Para piorar, o leitor já não consegue distinguir se o autor está se referindo especificamente ao caso de São Paulo ou passou a falar de todo o Brasil.

4) Quarto parágrafo: a) não é a realidade que é sensacionalista. É certo jornalismo que a usa de maneira sensacionalista. b) O usual em português é falar em veículos de comunicação. Não chega a ser um erro falar em veículo comunicacional, mas não há nenhuma razão que justifique a expressão, além da pretensão de falar difícil e exibir conhecimentos. c) Empoderados da persuasão midiática é uma expressão tenebrosa, com pretensões de jargão sociológico. d) O autor exagera o poder da imprensa, julgando que ela hipnotiza o público. O público é menos passivo do que o autor supõe, haja vista as muitas manifestações que, desde 2013, ocorrem no país. E por que ressaltar que os jornalistas passam essa suposta mensagem subreptícia em períodos noturnos de descanso? Na verdade, atualmente, os programas de jornalismo policial costumam ser veiculados no fim da tarde.

5) Quinto parágrafo: a) o aluno quer dizer que a frase “bandido bom é bandido morto” é preconceituosa. Não que está incrementada de valores... De resto, valores políticos nem sempre são negativos e a frase é muito mais do que segregacionista, pois ela prega a morte e não a segregação. Quanto ao fato de ela traduzir valores conservadores, esse é um ponto discutível. Então, o autor gasta adjetivos que lhe parecem negativos sem com isso conseguir convencer o leitor de seu ponto de vista. b) A citação de um autor com o nome incorreto só pode causar uma impressão desfavorável de quem escreveu o texto. Particularmente, quando a citação não vem muito a propósito do que se afirma. Por fim, trata-se, primeiramente, de refletir sobre a frase, para posteriormente desconstruí-la, considerando que, por desconstrução, o redator queira dizer a análise crítica das ideias que a frase veicula.

Competências avaliadas

As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Título nota (0 a 1000)
Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 100
Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. 100
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 100
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. 100
Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. 100
Nota final 500

Redações corrigidas

Título nota (0 a 1000)

Os textos desse bloco foram elaborados por internautas que desenvolveram a proposta apresentada pelo UOL para este mês. A seleção e avaliação foi feita por uma equipe de professores associada ao Banco de redações.

Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica serão aceitas até 2012.

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