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REDAÇÕES CORRIGIDAS - Junho/2017 Internação compulsória de dependentes de crack

Redação corrigida 600

Acorrentados ao vício

Inconsistente Erro Correção

Relativo Relativamente ao tratamento dado aos adictos de crack no Brasil, é possível destacar tanto aspectos positivos quanto negativos. Se por um lado, a internação compulsória pode ser considerada por alguns um ato de solidariedade; por outro, a grande maioria a encara como uma afronta aos direitos humanos individuais.

No que se refere aos benefícios da hospitalização forçada, pode-se perceber que que, nos casos de craqueiros extremamente subjugados ao entorpecente, o primeiro contato com uma clínica, mesmo que a contragosto, surte um efeito positivamente mais veloz, pois quebra a corrente que prende muitos ao vício. Segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, a maioria das pessoas que chegam contra sua vontade em casas de reabilitação acabam aderindo voluntariamente ao tratamento após os primeiros dias. Dessa forma, fica evidente que os organismos públicos têm se engajado nessa causa, a fim de enriquecer o apoio dado aos internos, o que demonstra uma atenção às camadas sociais mais vulneráveis.

Entretanto, a grande parcela do tecido social brasileiro a grande maioria da população brasileira encara a internação imposta aos dependentes químicos como um grande desrespeito aos seus direitos, pelo fato de que, além de ser agressiva e uma forma de tratamento ineficaz, ela constitui um modo de eliminação dos indesejados, pregando uma prática higienista violadora higienista. De acordo com o filósofo Nietzsche, “a moralidade é a melhor de todas as regras para orientar a humanidade”. Sendo assim, não cabe à força ao poder governamental coagir essa massa vulnerável, mesmo que intencionada a com a intenção de promover a sua melhora, mas sim buscar meios para combater em consonância com a população essa praga em forma de pedra.

É perceptível notória, portanto, a complexidade e amplitude desse problema na sociedade brasileira, uma vez que ele se alastra por todo o território nacional e, principalmente nas capitais, faz vítimas fatais. Com isso, no intuito de atenuar a situação, cabe aos municípios promover visitas de médicos às casas dos usuários, visando acompanhá-los numa linha de cuidados específicos para combater o vício. Somado a isso, campanhas publicitárias feitas pela mídia televisiva através das emissoras de destaque no país, devem mobilizar o cidadão comum à ação, instruindo-o a reconhecer um potencial dependente químico e, assim, o encaminhar ao ponto de ajuda mais próximo.

Comentário geral

O texto é relativamente bem escrito, mas, em termos de conteúdo, é confuso e mesmo contraditório. No segundo parágrafo, cita a opinião de um especialista a favor da internação compulsória, no parágrafo seguinte, diz que a maioria da população é contra e que essa a opinião a ser seguida. Quer dizer que, num problema de saúde mental e dependência, é melhor seguir a opinião do povo do que de um psiquiatra especializado? Por quê? Por que a maioria teria razão contra a ciência? Não bastasse isso, o autor chega ao parágrafo final perdendo de vista o tema que é a cracolândia e não a dependência de drogas. Ora, de que adianta um médico ir à casa de um usuário, se ele, o usuário, não está lá, mas se encontra na cracolândia? Com que direito um cidadão comum iria encaminhar um provável usuário de drogas ao tratamento? Isso também não vai contra à ideia de uma internação voluntária e não engaja o cidadão comum numa política higienista?

 

Aspectos pontuais

 

1) Primeiro parágrafo: o autor assume que a grande maioria é contra a internação compulsória baseado em quê? Em São Paulo, pesquisa DataFolha mostrou que 80% da população são favoráveis à prática.

2) Segundo parágrafo: a) o autor tenta se alongar na declaração e acaba tropeçando nas palavras. Quem falou em velocidade de resultados na internação compulsória? E como essa velocidade é impulsionada pela quebra da corrente que prende muitos ao vício. Aliás, por que usar uma expressão metafórica que só deixa a declaração menos objetiva? b) É confusa a afirmação final: como internar compulsoriamente enriquece o apoio dado aos internos? O que o autor quis dizer precisamente com isso? E, se isso é positivo, por que se tornará negativo nos parágrafos seguintes?

3) Terceiro parágrafo: a) não é aconselhável usar aleatoriamente uma linguagem subjetiva: o autor está falando objetivamente da população e não de tecido social, metáfora que pode ser aplicada a outros contextos. b) O argumento é fraco e contraditório. Já foi citado um especialista, agora a opinião do especialista deixa de ser válida porque a “voz do povo é a voz de Deus”? Outro ponto importante: internar para tratamento não significa eliminar. Eliminar seria exterminar os dependentes. c) Vale insistir: o autor fala que essa é a opinião da maioria, baseado em quê?

4) Quarto parágrafo: o autor passou a falar sobre viciados em drogas de um modo geral, perdeu de vista a cracolândia. Além disso, a sugestão do atendimento médico domiciliar é absurda: quem está numa cracolândia, evidentemente, não tem casa, está na rua. É absurdo também engajar o cidadão comum numa cruzada que requer especialistas: médicos, psicólogos, assistentes sociais, etc.

 

Competências avaliadas

As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Título nota (0 a 1000)
Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 200
Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. 200
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 100
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. 100
Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. 0
Nota final 600

Redações corrigidas

Título nota (0 a 1000)

Os textos desse bloco foram elaborados por internautas que desenvolveram a proposta apresentada pelo UOL para este mês. A seleção e avaliação foi feita por uma equipe de professores associada ao Banco de redações.

Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica serão aceitas até 2012.

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