REDAÇÕES CORRIGIDAS - Março/2018 Violência e drogas: o papel do usuário
As Consequências da Lei
Todos os dias se vê veem nos noticiários casos ultrajantes de violência ligada ao tráfico de drogas e as pessoas se sentem inclinadas a apontar culpados. Pela lei da oferta e demanda, a resposta é óbvia: a culpa é dos usuários! Embora essa afirmação faça sentido, ela não explica todo o contexto do tráfico e de sua proibição, como também quem realmente lucra com a ilegalidade desse comércio e como a desigualdade influencia para que este esse fenômeno tome proporções tão grandes como tomou no Brasil.
Com certeza certeza, o usuário tem sua parcela de culpa pela violência. Afinal, é ele quem a financia. Mas não se deve devem ignorar os principais culpados: a proibição, a desigualdade, a falta de oportunidades, os governantes incompetentes e quem acha que o problema está só na favela e fecha os olhos para helicópteros cheios de cocaína.
Dito isso, a proibição das drogas não beneficia ninguém além de quem lucra com isso. Em 1920, foi aprovado o Ato a Lei Volstead nos EUA, que proibia o consumo e comércio de bebidas alcoólicas. O resultado foi um grande aumento do contrabando e de violência por parte de gângsteres. Então, em 1933, a lei se tornou a única a ser revogada da Constituição americana. A regulamentação da maconha e de outras substâncias ilícitas evitaria mais cenários como esse, como ocorreu no Uruguai, em que as mortes decorrentes do tráfico foram reduzidas a zero. Além disso, a legalização da cannabis traria consequências positivas à economia brasileira. Segundo profissionais da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, o Brasil teria mais 5,7 bilhões de reais em circulação e mais 5 bilhões em impostos, além de menos 997,3 bilhões gastos no sistema prisional.
Dessarte Assim, o Estado não pode impor restrições à liberdade individual de sua população com a desculpa de estar prezando pela saúde dos cidadãos, pois as consequências são muito piores. O consumo e comércio de drogas deve ser regulamentado e junto a isso deve haver uma forte campanha alertando sobre os riscos do consumo dessas substâncias, como vem ocorrendo com o tabaco a há muitos anos e mostrando resultados.
Comentário geral
Texto muito bom. O autor escreve com clareza, sabe expor seu ponto de vista e defendê-lo com argumentação convincente, não importando se o leitor concorda ou não com ele, pois, formalmente, seus argumentos são válidos. Em termos de linguagem, há poucos problemas, de relativa gravidade. Em termos estruturais, o texto não deixa nada a desejar.
Aspectos pontuais
1) Primeiro e segundo parágrafos: as expressões em vermelho são os sujeitos de duas frases na voz passiva pronominal. Se o sujeito está no plural, o verbo deve concordar com ele, ficando também no plural.
2) Terceiro parágrafo: a) Act, em inglês, nesse contexto, se traduz por Lei. b) O autor faz uma confusão entre a Lei Volstead e a décima-oitava emenda da Constituição americana. A lei foi promulgada para estabelecer as condições de cumprimento da referida emenda, que se revogou em 1933, abolindo a respectiva lei. O erro é justificável, mas é um erro. c) Se circulam 5,7 bilhões e os impostos são 5 bilhões, só quem vai lucrar é o governo, pois os produtores e comerciantes vão repartir entre si somente quase 1/6 do total.
3) Quarto parágrafo: não vale a pena mudar o tom do texto, usando dessarte, um advérbio incomum nos dias de hoje.
Competências avaliadas
As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Redações corrigidas
Os textos desse bloco foram elaborados por internautas que desenvolveram a proposta apresentada pelo UOL para este mês. A seleção e avaliação foi feita por uma equipe de professores associada ao Banco de redações.
Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica serão aceitas até 2012.
Copyright UOL. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução apenas em trabalhos escolares, sem fins comerciais e desde que com o devido crédito ao UOL e aos autores.