REDAÇÕES CORRIGIDAS - Novembro/2016 Filantropia: um exemplo a ser seguido?
Cultura da filantropia e reais beneficiados
No mundo contemporâneo, grandes empresários e figuras midiáticas divulgam e/ou ajudam causas filantrópicas, tendo seus "gestos de caridade" aclamados pelos meios de propagação da informação, como recentemente foi o caso do multimilionário Bill Gates. Apesar de apreciados por muitos, os atos filantrópicos são, na realidade, frutos de uma profunda desigualdade social.
Cidadãos que, por pagarem impostos impostos, deveriam ter seus direitos básicos básicos, como saúde de qualidade qualidade, garantidos pelo Estado, não o os têm.
Isso resulta em uma dependência dos indivíduos por tornar os indivíduos dependentes de obras e programas sociais da iniciativa privada, quando isso deveria ser papel do Estado.
O Estado beneficia os empresários, que só enriquecem mais sendo promovidos por seus atos de caridade. Enquanto isso, os beneficiados pela filantropia permanecem dependentes, cada vez mais, de doações de empresários, e com poucas perspectivas de ascensão social por conta de sua condição, já que não existem muitas oportunidades que os contemplem.
Para resolver esse problema, é necessária a seguinte medida: que através de programas sociais, o Estado passe a fornecer saúde de qualidade e tratamentos especiais, no caso de deficientes físicos, e expandam programas de moradia já existentes, como o Minha Casa, Minha Vida.
Comentário geral
Ótimo texto, independentemente de se concordar com o autor, que soube expor suas ideias de modo claro e numa linguagem correta, apesar de um ou outro pequeno deslize. Também em termos estruturais o texto preenche todos os requisitos esperados em uma dissertação. Em termos de conteúdo, porém, há equívocos que prejudicam a argumentação. Vamos apontá-los: 1) a filantropia surge num ambiente de desigualdade social, mas isso não faz da filantropia a causa dessa desigualdade e nem a torna uma prática condenável. Antes, os filantropos tentam contribuir com a sua diminuição. Pior seria se a desigualdade social existisse e a filantropia não. 2) Se a filantropia é uma forma de marketing e de promoção de empresas, trata-se de uma forma de marketing baseada em solidariedade, o que não é o caso de outras formas de marketing, que são muito mais frequentes nos mercados globais. 3) Finalmente, convém alertar ao autor que é perigoso depositar total responsabilidade pela desigualdade social à falta de ação do Estado e considerar que o Estado deve cuidar totalmente da sociedade. Convém lembrar que a proposição de um Estado onipotente, "tudo pelo Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado" é a expressão máxima do fascismo, tal qual o concebeu Benito Mussolini, autor da frase entre aspas.
Aspectos pontuais
1) Primeiro parágrafo: a) filantropia não se resume a gestos de caridade, mesmo colocando a expressão entre aspas. b) Por que inventar uma expressão como meios de propagação da informação, quando o que se quer dizer é simplesmente meios de comunicação? Convém lembrar que um dos meios de se propagar informação é o chamado boca a boca e não parece que o autor vise incluí-lo no que está dizendo. Ele se refere à mídia. c) A desigualdade social pode gerar a filantropia, mas isso não desmerece a filantropia. O que condenaria a filantropia seria ela gerar a desigualdade social.
2) Terceiro parágrafo: traz um erro de regência: dependência por algo. O correto é dependência de algo. Em verde, a frase está reescrita de modo a contornar o erro.
3) Quarto parágrafo: o trecho em vermelho mostra uma incompreensão dos fatos. Ainda que a filantropia seja uma forma de marketing, sob o ponto de vista ético, essa forma de marketing é superior a outras, que só beneficiam as empresas. Além disso, é o caso de se perguntar: como alguém que doa 60% do seu patrimônio para ações sociais estaria enriquecendo mais?
Competências avaliadas
As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Redações corrigidas
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