REDAÇÕES CORRIGIDAS - Outubro/2016 Artes e educação física: opcionais ou obrigatórias?
Em prol da saúde e da criatividade
O ritmo de estudos acelerado, cada vez mais exigido pelas escolas e pelo mercado de trabalho trabalho, não privilegia a saúde nem a criatividade dos alunos. Eles que passam noites sem dormir dormir, à base de pó de guaraná, ou guaraná ou até mesmo remédios, não usufruem dispõem de tempo para realizar atividades físicas ou nutrir seus repertórios culturais. A reforma no ensino médio do país, medida provisória tomada no governo de Michel Temer, decretava o fim da obrigatoriedade das matérias de Educação Física e de Artes. Em resposta, manifestantes contra a reforma tomaram as ruas de São Paulo e conseguiram que a medida fosse suspensa. O ato demonstra como a educação brasileira esta preocupada em produzir trabalhadores e não desenvolver indivíduos capazes de criticar e conviver com outros indivíduos.
Mais da metade dos jovens do mundo pratica menos que o recomendado de cinco horas por semana de atividade física. Se não fosse as já escassas aulas de educação física, os vestibulandos se perderiam em meio ao estresse e tensão que são colocados sobre eles. Essa disciplina, além de ser importante para a saúde, evitando doenças como diabetes e obesidade, também auxilia o aluno a trabalhar em equipe, a perder e ganhar, preparando-o para a vida adulta. Assim como a educação física, a matéria de artes é também fundamental para o desenvolvimento dos estudantes de ensino médio, incentivando o pensamento crítico e a autenticidade, aumentando seus repertórios culturais, conhecendo pintores como Ana Malfatti, figura importante para a história brasileira.
Tanto a educação física quanto as artes são matérias em que o aprendizado ocorre de maneira mais artesanal e prática, mas nem por isso é menos essencial. Dando privilégio a à quantidade de tempo que os alunos passam nas escolas, mas não na à qualidade do ensino, o governo deve inverter essa situação, consultando educadores das diversas disciplinas, médicos e os próprios estudantes, buscando um ensino que forme com saúde, não apenas profissionais, mas cidadãos. Cabe também à população continuar exigindo atenção para os caminhos rumos que a educação brasileira vem tomando, organizando protestos contra reformas como essa. Educação física e artes são matérias que auxiliam no crescimento moral e cultural dos indivíduos, o que faz com que elas tenham o mesmo nível de importância das outras matérias.
Comentário geral
Texto regular, marcado pela prolixidade, por equívocos conceituais e argumentos insuficientes ou inadequados para convencer o leitor acerca do ponto de vista do autor. A argumentação, que está concentrada no segundo parágrafo, é a de que os alunos só poderão praticar educação física e adquirir conhecimentos artísticos na escola. Por isso, essas disciplinas devem ser obrigatórias. Isso não é uma verdade incontestável. Por exemplo: além de seu papel na manutenção da saúde, o esporte também está relacionado ao lazer e poderia ser praticado – como de fato é – no tempo que o aluno destina ao lazer e não no destinado aos estudos. De resto, o fim da obrigatoriedade das disciplinas não significa sua proibição, assim como não são somente essas disciplinas que formam cidadãos em vez de trabalhadores.
Aspectos pontuais
1) Primeiro parágrafo: a) não é o ritmo acelerado dos estudos que não favorece a prática de educação física e a criatividade dos alunos. Não se trata de uma questão de pressa. b) Não é verdade incontestável o fato de que os alunos brasileiros passam as noites estudando e recorrem a "aditivos"para dar conta da tarefa. Uma informação desse teor só tem valor se for baseada em estatísticas, caso contrário, revela-se apenas um estereótipo da rotina estudantil. c) O ato não demonstra nada disso: o ato é simplesmente um protesto contra o decreto e não uma análise da questão do ensino profissionalizante. Some-se tudo isso e o parágrafo introdutório se revela bastante fraco.
2) Segundo parágrafo: a) Mais uma vez é o caso de perguntar de onde o autor retirou essa porcentagem. Há estatísticas sobre isso? Em qual delas ele se baseou para fazer a afirmação? b) Artes não é propriamente uma matéria, como o próprio plural dá a entender. É uma designação genérica que pode abranger muita coisa, como por exemplo o cinema, que também é uma forma de lazer. Falar em artes como matéria escolar é se expressar informalmente e, numa dissertação, o que se exige é a norma culta. c) Que incentive o pensamento crítico, vá lá, mas que também incentive a autenticidade... Autenticidade do quê? O que o autor entende por essa palavra? d) Passar abruptamente da generalidade para a especificidade não faz muito sentido. Por isso, o exemplo de Anita Malfatti não se encaixa bem no raciocínio. Por que se ater a um exemplo tão particular? Ou o autor não deveria dar exemplos ou, já que quer dar, que desse mais de um.
3) Terceiro parágrafo: a) O que é um aprendizado artesanal e prático? E por que a educação física e as artes são essenciais? Note-se que o autor colocou a expressão no singular (é essencial) desrespeitando a concordância entre sujeito e núcleo do predicado. b) O trecho a seguir é muito confuso. O autor reúne num mesmo período ideias e informações diferentes e perde o encadeamento lógico do discurso. c) O papel do ensino de artes e da prática de educação física na formação moral dos estudantes não é algo que se possa aceitar sem discussão. Muitas vezes, por exemplo, as artes questionam a moral vigente.
Competências avaliadas
As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Redações corrigidas
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