REDAÇÕES CORRIGIDAS - Dezembro/2015 Mariana: fatalidade ou negligência?
Mariana: um desastre, muitos culpados.
As notícias e denúncias publicadas na imprensa sobre o desastre ambiental ocorrido na cidade de Mariana (MG) denotam que a tragédia ocorreu devido à negligência por parte dos órgãos de fiscalização, da própria Samarco e do governo.
Um dos responsáveis pelo acontecido em Mariana são os órgãos de fiscalização (DNPM e FEAM) pois emitiram, recentemente, relatórios que atestavam às as condições de segurança das barragens da Samarco. Aqueles órgãos devem ser investigados à a fundo para que se descubra se esses relatórios foram emitidos com base numa fiscalização séria, “in loco”, ou se foram encomendados por alguém a fim de permitir o funcionamento da mineradora.
A empresa Samarco também deve passar por uma investigação detalhada, pois alega que todas as normas relativas à mineração foram cumpridas integralmente, mas as perguntas que ficam são: se a empresa seguia todas as regras, como é que este desastre aconteceu? Alguma regra não deve ter sido cumprida. Estas normas não devem prever um mecanismo, mais eficiente que ligações telefônicas, que possibilite alertar rapidamente toda a população para que evacuem as áreas adjacentes à barragem? É bem provável que sim.
O governo também tem sua parcela de culpa, pois concedeu Licença de Operação à Samarco, emitida pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental (SUPRAM), mesmo depois de estudo elaborado pelo Ministério Público Estadual e entregue à Secretaria Estadual de Meio Ambiente, estudo esse que alertava sobre os riscos de rompimento das barragens de Fundão e Santarém, em Mariana.
Enfim, o prejuízo não foi só financeiro. Vidas animais, vegetais e humanas foram ceifadas, além de muitas pessoas estarem ainda desaparecidas. Os órgãos de fiscalização, a empresa Samarco e o governo devem ser investigados, culpados e punidos para que se descubram as causas desse desastre, a fim de se evitar um novo.
Comentário geral
Texto ótimo, que merece a nota máxima, pois cumpre todas as exigências feitas a uma dissertação argumentativa, no nível do ensino médio. Em termos de linguagem, há apenas dois erros quanto ao uso da crase, que não interferem na compreensão do texto e na comunicação. Em termos de estrutura, o texto é exemplar: segue com adequação e lógica o esquema: tese – desenvolvimento (argumentação) e conclusão. Em termos de conteúdo, o texto de fato apresenta argumentos, conectando fatos pertinentes, para conduzir a uma conclusão e defender o ponto de vista do autor.
Aspectos pontuais
1) Primeiro parágrafo: trata-se de um pequeno deslize, mas é conveniente lembrar que os órgãos de fiscalização fazem parte do governo, pois são instituições subordinadas a ele. Então, seria necessário se explicar melhor, por exemplo, falando em responsabilizar a mineradora, os órgãos de fiscalização e o governo em geral. Vale notar que quando se fala em governo, nesse caso, está se falando em três níveis de governo: o municipal, o estadual e o federal.
2) Quinto parágrafo: a) seria melhor falar em perda de vidas humanas e na devastação ambiental, que inclui a destruição não só de fauna e flora, mas igualmente do solo, também comprometido pelo desastre. b) investigados, culpados e punidos é um contrassenso, pois, se já se sabe que a empresa e o governo devem ser culpados e punidos, não há necessidade de investigação. Na verdade, a investigação deve apurar os responsáveis (pessoas físicas que trabalham na empresa e nos governos) para que sejam processados criminalmente, independentemente de a empresa e os órgãos de fiscalização, enquanto instituições, serem punidos também. Vale notar que a empresa está sendo multada, o que já é uma punição. Se essa punição é suficiente são outros quinhentos.
Competências avaliadas
As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Redações corrigidas
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