REDAÇÕES CORRIGIDAS - Maio/2016 Política X Ciência: a "pílula do câncer"
Melhor prevenir do que remediar
Uma discussão tem sido gerada em torno da autorização da substância fosfotanolamina fosfoetanolamina sintética, conhecida popularmente como ‘’pílula do câncer.’’ Mas a questão da liberação da pílula seria de caráter político ou científico?
Primeiramente, é necessário lembrar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vê com preocupação a substância, visto uma vez que não foi testada em pessoas, seus efeitos são considerados variáveis, podendo apresentar melhora momentânea, como também danos irreversíveis ao sistema nervoso central.
Segundamente Em segundo lugar, a aprovação no Congresso Nacional sofreu grande pressão popular, já que todo paciente diagnosticado com neoplasia maligna, por natureza humana, seria capaz de ingerir qualquer remédio que pudesse apresentar melhora, por menor que fosse. Ignorando assim, todos os efeitos colaterais que a droga pode oferecer.
Portanto, é de extrema importância que a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa seja a responsável por julgar a droga eficaz ou não, fazendo assim, a realização dos testes pré-clínicos, logo em seguida realizá-los em organismos vivos e seguir a sequência de requisitos exigidos para assegurar a eficácia do medicamento. Dessa forma, evitaria a legalização de uma irresponsabilidade e pouparia a população de consequências incertas.
Comentário geral
Texto razoável, apesar dos muitos problemas pontuais. O aluno discutiu, de fato, o tema num texto de caráter dissertativo-argumentativo. É bem verdade que sua argumentação é superficial, que ele expõe os fatos de maneira imprecisa ou simplificadora, que seu domínio da norma culta está no limite do aceitável. De qualquer forma, ele cumpre os requisitos mínimos de uma prova de redação, fazendo jus a uma aprovação.
Aspectos pontuais
1) Primeiro parágrafo: a introdução é fraca, limita-se a repetir a proposta, de modo bastante reducionista ou esquemática. De resto, como assim tem sido gerada? Um tema gera ou não uma discussão. Uma vez gerada, a discussão ocorre, não fica se gerando permanentemente como a expressão verbal usada pelo autor dá a entender.
2) Segundo parágrafo: a) uma vez usado o verbo ver, é melhor não usar em seguida a locução visto que, repetindo o mesmo verbo. b) Não está estabelecido que a fosfoetanolamina causa danos irreversíveis ao sistema nervoso central. Por outro lado, sabe-se que a quimioterapia pode provocar esse tipo de danos, então o argumento não é sólido, é facilmente refutável.
3) Terceiro parágrafo: a) Quem sofreu a pressão foi o Congresso nacional, não a aprovação. b) Também é confusa a formulação remédio que possa apresentar melhora, independentemente dos efeitos colaterais. Entende-se o que o aluno quer dizer: há uma relação custo e benefício envolvida no uso da fosfoetanolamina, mas isso podia ter sido explicado pelo autor do texto de modo mais claro e objetivo. c) Finalmente, há que se levar em conta que a última frase do parágrafo não poderia ter sido separada por ponto final da frase anterior, à qual é subordinada.
4) Quarto parágrafo: a) fazer a realização diz-se simplesmente realizar. Mas a própria descrição do processo todo poderia ter sido formulado de maneira mais breve. b) Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa seria, de fato, o órgão responsável pela elaboração da pesquisa? Não seriam os laboratórios? Por que o autor tira do nada uma instituição, sem nem sequer apresentá-la ao leitor deixando claras as suas atribuições, de modo que o leitor possa concluir que o autor está indicando a entidade certa para julgar o caso? c) Há ambiguidade no sujeito do verbo evitar. Também é confuso dizer que uma coisa a acontecer (a realização de testes) poderia evitar algo já acontecido (a liberação da droga). Finalmente, não se legaliza uma irresponsabilidade. Pode ter sido uma irresponsabilidade legalizar o uso de fosfoetanolamina.
Competências avaliadas
As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Redações corrigidas
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