REDAÇÕES CORRIGIDAS - Junho/2018 O Brasil paralisado: o que você pensa sobre a greve dos caminhoneiros?
O Brasil e sua dependência do transporte rodoviário
A greve dos caminhoneiros impactou (ou impacta?) (ou, talvez, continue impactando) todos os setores da economia nacional. Diante dessa constatação, da qual somos vítimas, fica explícita a dependência do transporte rodoviário em nossa nação. As causas são históricas, porém porém, as consequências atuais são catastróficas e atingem, indiscriminadamente, ao Estado e ao povo, que, embora apoie as reivindicações dos caminhoneiros, já não suportam suporta o efeito dominó dessa greve que parou o país.
O contexto político-econômico nacional está fragilizado pelos escândalos advindos da corrupção. Não só os caminhoneiros, como todo o povo brasileiro brasileiro, sofrem as consequências do caos que se instalou no país nos últimos anos. A greve em si é legítima e constitui uma das formas de exigir o cumprimento dos direitos do cidadão, mas expõe a população a riscos e prejuízos incalculáveis, para exigir justiça. Hospitais sem oxigênio, animais morrendo por falta de alimento, alunos sem aula por falta de transporte, famílias sofrendo por falta de gás de cozinha para preparar suas refeições: eis o retrato da fragilidade de um país que investiu na construção de rodovias em detrimento de ferrovias e hidrovias. Sabe-se que o investimento em ferrovias é altíssimo e que o transporte fluvial mesmo sendo mais econômico e limpo, é o menos utilizado no Brasil, exceto na Amazônia, por falta de opção.
Por outro lado, não se pode culpar a greve dos caminhoneiros pelo caos que se instalou no país a partir dela. As causas são históricas e remontam a um passado distante, mesmo antes dos anos 20, quando o presidente Washington Luiz adotou o lema: “Governar é abrir estradas”. Também no governo de JK, como em muitos outros, incluindo a ditadura militar, essa política foi privilegiada. Nos governos do PT, o Plano Nacional de Logística foi elaborado, mas nada se consolidou. Ademais, a presidente Dilma facilitou o financiamento de caminhões e a frota aumentou em detrimento da demanda de frete. Emergiu então um problema: como pagar os caminhões com o frete baixo e o diesel tão caro? A greve foi o remédio amargo. A greve foi a consequência amarga de todos esses problemas.
Diante do exposto, cabe ao governo rever suas estratégias de intervenção em longo prazo, pois medidas paliativas não resolverão o problema. Soluções que ataquem as causas verdadeiras da crise precisam ser pensadas e implementadas, levando em conta o custo-benefício, pois um país de extensão continental gigante e de rico potencial produtivo não pode continuar refém de um sistema de transporte ineficiente.
Comentário geral
Apesar de prolixo, o texto é muito bom. A relação entre o primeiro parágrafo e os seguintes não fica muito bem explícita por falta de recursos coesivos, esse e outros problemas de coesão de menor gravidade são o principal problema estrutural do texto, mas é melhor comentá-los pontualmente. De resto, o autor merece parabéns, pois soube desenvolver a proposta dentro dos limites do texto dissertativo-argumentativo, numa linguagem certamente formal.
Aspectos pontuais
1) Primeiro parágrafo: qual é o “efeito dominó”? A expressão se aplica a uma sequência de elementos dos quais, derrubado o primeiro, todos os outros caem. Não foi exatamente isso o que aconteceu com a greve dos caminhoneiros.
2) Segundo parágrafo: a) Notar a redundância nos termos sublinhados em vermelho. b) Além de colocar duas exigências da greve, uma no começo e outra no fim da frase, o autor fala de exigências muito genéricas. A greve se deu por reivindicações mais específicas da categoria dos caminhoneiros. b) É preciso deixar claro por que se está mencionando o fato de investimentos em ferrovias serem altíssimos. Como esse fato interfere no problema que está sendo analisado? Foi por causa disso que, historicamente, o país deixou de lado as ferrovias e optou pelas rodovias? Não, não foi só por isso. Isso serve para explicar porque é tão difícil resolver a dependência dos transportes rodoviários atualmente. O autor levanta a questão, mas não a desenvolve de modo a consolidar sua argumentação.
3) Terceiro parágrafo: extensão “continental gigante” é um pleonasmo desnecessário.
Competências avaliadas
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Redações corrigidas
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