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REDAÇÕES CORRIGIDAS - Dezembro/2016 Pós-verdade, opinião pública e democracia

Redação corrigida 600

O peso da pós-verdade na sociedade pós-moderna

Inconsistente Erro Correção

Nos dias atuais, o termo “pós-verdade” ganhou importância destacada na sociedade. Escolhida como palavra do ano pelo Dicionário de Oxford, conceitua-se como algo que denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência para definir a opinião pública do que o apelo à emoção ou crenças pessoais.

A veracidade dos fatos, outrora buscada incessantemente pela mídia, em prol da confiabilidade da mensagem transmitida, segurança, imparcialidade e independência editorial, entre outros, perdeu o foco, cedendo significativo espaço a meias-verdades, a conclusões precipitadas, obtidas mediante total descaso com evidências e provas.

A máquina impulsionadora do novo fenômeno são as mídias sociais, mecanismos estes que, a partir do expressivo avanço tecnológico, serveriam serviriam para atuar de forma contrária à vigente, propiciando meios para se obter e disseminar a realidade dos fatos. Contrariamente, tais mecanismos proporcionam a qualquer indivíduo a possibilidade de disseminação em massa de informações inverídicas, ausentes de sem fundamento, que, motivadas pela “enxurrada” de informação disponibilizada a cada minuto, sequer são conferidas. De forma antagônica, são tidas como verdade absoluta e repassadas aos demais usuários.

Já se tem ciência de que as consequências para a sociedade podem ser as mais devastadoras possíveis. Atualmente, o Brasil vem presenciando situações calamitosas, baseadas na divulgação de imagens pessoais e relatos de barbaridades associados, ensejando comoção pública e mortes das pessoas evidenciadas nas notícias, sem sequer ocorrer uma análise primária por parte da sociedade e, primordialmente, um julgamento justo, com a possibilidade de contraditório e ampla defesa, oriundo do órgão judiciário e previsto como direito fundamental no nosso ordenamento jurídico maior, a CF/88. Desta Dessa forma, permite que a democracia, ou seja, a soberania exercida pelo povo, seja realizada da maneira mais primitiva possível. Ademais, os efeitos alcançam outras vertentes da sociedade, como a política, servindo como instrumento de “artilharia pesada” para a disseminação de inveracidades inverdades.

Por tudo isso, faz-se necessária uma análise perspicaz por parte da sociedade das informações obtidas, evitando assim, a negligência e a cognição preguiçosa, que não busca buscam a verdade dos fatos, e primordialmente, o repasse de convicções construídas a partir da repetição massiva de percepções individuais e corporativas, que iniludivelmente só trazem malefícios a sociedade pós-moderna.

Comentário geral

O texto tem como principais pontos negativos a prolixidade e a obscuridade. Além de escrever mais do que o necessário para apresentar uma ideia relativamente simples, o autor o faz em geral de modo tortuoso, quando não incorreto como se vê nos trechos em vermelho. Infelizmente, há uma questão ainda mais grave: o tema não se limitava à pós-verdade, mas propunha discutir as relações entre isso e o regime democrático. Na redação, a democracia foi deixada de lado, havendo uma única referência à política no quarto parágrafo.

Aspectos pontuais

1) Primeiro parágrafo: o fato que gera a redação é a escolha do termo pelo dicionário Oxford. Na coletânea, diz-se que o conceito de pós-verdade é importante para compreender a realidade social atualmente. Isso não significa que o termo ganhou importância destacada na sociedade. Talvez só se possa dizer que uma palavra ganha importância ou destaque na sociedade quando a maioria de seus membros a empregam. Por exemplo, a palavra impeachment no Brasil de 2016. De resto não é preciso combinar importância e destaque. Basta falar de uma ou de outra.

2) Segundo parágrafo: O autor afirma o contrário do que ele quer dizer. Não foi a veracidade dos fatos que perdeu o foco, até porque veracidade não é um ente que tenha foco como um ser humano ou uma câmera. Foram as pessoas que deixaram de pôr o foco na veracidade dos fatos.

3) Terceiro parágrafo: começa de modo obscuro e contraditório. O autor afirma que as redes sociais impulsionam a pós-verdade por agilizar a divulgação da realidade dos fatos, ou seja, da verdade... De resto, falar em forma vigente para designar o mundo antes da pós-verdade não faz sentido. A frase que vem depois do advérbio contrariamente tem seu sentido prejudicado por que é expressa como o contrário do que foi dito no começo do parágrafo, que, como já apontamos, é contraditório. Ao usar a expressão de forma antagônica, o autor prolonga ainda mais esse raciocínio exageradamente adversativo: parece que ele está falando do avesso do avesso do avesso do avesso...

4) Quarto parágrafo: a) o verbo permitir está sem sujeito. Quem permite o quê? Não dá para entender uma oração sem um de seus termos essenciais. b) O que é uma democracia realizada da forma mais primitiva possível? Historicamente, a forma mais primitiva de democracia foi a da Grécia antiga e não é a isso que o autor se refere. c) Vertente foi usado em sentido conotativo incorretamente. Melhor seria falar em outros âmbitos da sociedade.

5) Quinto parágrafo: Contraditório. Se a ideia é combater a pós-verdade, evidentemente não se vai repassá-la, como diz o autor.

Competências avaliadas

As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Título nota (0 a 1000)
Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 150
Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. 100
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 100
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. 150
Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. 100
Nota final 600

Redações corrigidas

Título nota (0 a 1000)

Os textos desse bloco foram elaborados por internautas que desenvolveram a proposta apresentada pelo UOL para este mês. A seleção e avaliação foi feita por uma equipe de professores associada ao Banco de redações.

Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica serão aceitas até 2012.

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