REDAÇÕES CORRIGIDAS - Julho/2017 Por que não há novas manifestações nas ruas?
O povo é bobo e Temer é um herdeiro
O povo não faz novas manifestações nas ruas porque é bobo e ignorante ignorante, tanto politicamente quanto economicamente. Além disso, as pessoas enxergam Temer como um herdeiro da triste situação pela qual o país passa.
As pessoas foram às ruas e pediram o "impeachment" de Dilma porque sentiram as consequências da corrupção e do desastre econômico dentro de em seus próprios bolsos. A profunda crise econômica fez com que as famílias brasileiras ficassem endividadas e postergassem planos e sonhos de vida. Raivosa Enraivecida pela situação, a população se revoltou e pediu a saída de Dilma do poder.
O povo compreende que a crise é profunda e que a recuperação da economia é lenta e árdua. Por isso, a indignação contra Temer no poder não é comparável. Parte dos brasileiros enxerga Temer como herdeiro dessa triste situação, e não como o causador dela. Essa é a razão principal para que não haja manifestações da mesma proporção que teve houve com Dilma.
Porém, se o povo não fosse bobo e tivesse um conhecimento econômico e político mínimo, saberia que a atual corrupção extrema e a profunda crise econômica são meras consequências da interferência estatal na sociedade e sairia às ruas para manifestar se manifestar, não contra Temer, mas contra o estado como um todo.
Estudos e dados coletados pela Heritage Foundation demonstram que há extrema correlação entre a corrupção de um país e seu índice de liberdade econômica. Isto é, quanto menor a interferência estatal na economia, menor tende a ser a corrupção. Isso é lógico, afinal, quanto menos poderes os políticos e burocratas tiverem sobre a economia, menos dinheiro e oportunidades eles terão para roubar ou cometer corrupção: um político não pode vender favores se ele não tiver favor algum para vender. O PT agigantou o estado, o índice de liberdade econômica do Brasil abaixou, a corrupção floresceu.
Além disso, a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômico (TACE) demonstra que, quando o crédito farto, barato e artificial é criado pelo estado - e não pelo mercado -, é inevitável que futuramente ocorra uma crise. A crise é somente uma correção econômica. Ela é a solução que o mercado encontra para um problema. O problema real é a bolha que causa a crise. É ela que deve ser evitada, não a crise. A crise deve ser abraçada. O problema não é a ressaca, mas ter bebido demais. O problema não é tomar um remédio ruim, mas ter ficado doente. Lula, através do Banco Central e dos bancos estatais, criou enorme quantia de crédito artificial na economia. O povo, imediatista, bobo e ignorante, acreditou estar prosperando e que isso fosse um genuíno crescimento econômico, quando na verdade era somente uma ilusão. Lula sabia que seu mandato não seria eterno, então criou um falso crescimento econômico temporário às custas do futuro do país, pois assim ele seria amado por todos, mas as consequências ruins cairiam no colo de outro político: caiu no colo de Dilma.
Portanto, se o povo enxergasse tudo isso e fosse inteligente, sairia agora mesmo às ruas e tiraria o poder desses políticos safados, exigindo uma diminuição imediata do poder do estado. O povo deve clamar por liberdade e capitalismo laissez-faire.
Comentário geral
Além da prolixidade e da redundância (de linguagem e de ideias), o texto insiste, desde o título, em que o povo brasileiro é bobo e ignorante, o que soa como puro preconceito e poderia valer um zero à redação. Para piorar, é uma afirmação cuja validade e veracidade são extremamente discutíveis. Em geral o povo é chamado por alguém de ignorante quando ele não concorda com as ideias desse alguém, quando concorda, então o povo é inteligente. O próprio autor se contradiz nessa questão, pois deixa claro que o povo compreende a situação do presidente em exercício e por isso não se manifesta. Ora, se ele compreende a situação, não pode ser tão bobo nem ignorante. Não bastasse isso, o autor usa o texto como pretexto para expor uma série de ideias que não se relacionam senão indiretamente com o tema da redação. Faz o elogio do libertarianismo e a caveira do PT. Não se trata de ser a favor ou contar o que ele diz. O problema é fazer essa enorme digressão, antes de voltar ao tema e concluir. E concluir mal, de modo contraditório, pois já tendo feito uma distinção entre os governos Dilma e Temer, agora chama indistintamente todos os políticos de safados e expressa palavras de ordem do ultraliberalismo da escola econômica austríaca que acredita que o Estado pode ser abolido, embora por motivos diferentes daqueles com que a esquerda compartilha a mesma crença em uma futura sociedade sem Estado.
Aspectos pontuais
1) Primeiro parágrafo: a palavra herdeiro, que não fazia sentido no título, recebe a devia explicação aqui. Explicação contraditória, pois afirma que o povo é ignorante, mas ao mesmo tempo sábio, pois compreende que Temer não tem culpa da situação atual, pois herdou a crise do governo anterior.
2) Segundo parágrafo: começa e termina com a mesma declaração sobre as manifestações do povo contra Dilma Rousseff.
3) Terceiro parágrafo: explica porque o povo compreende a situação e, logo, não é tão bobo nem ignorante quanto o autor dizia antes.
4) Quarto parágrafo: o leitor, a essa altura, já está farto de ouvir a afirmação de que o povo é bobo e ignorante, ad nauseam repetida.
5) Quinto e sexto parágrafos: são os mais bem escritos, no entanto, no último deles há uma frase obscura sobre abraçar a crise (como assim?) e mais uma reiteração do que já estava mais do que reiterado. O povo é bobo, etc.
6) Sétimo parágrafo: conclusão contraditória, como já foi apontado, sem falar na repetição do preconceito: o povo só seria inteligente se enxergasse a realidade pela mesma perspectiva do autor.
Competências avaliadas
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Redações corrigidas
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