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REDAÇÕES CORRIGIDAS - Junho/2017 Internação compulsória de dependentes de crack

Redação corrigida 750

Solução rápida, problema complexo

Inconsistente Erro Correção

Muito se fala acerca dos dependentes químicos e traficantes pela sociedade traficantes, mas pouco se conhece de fato. O crack e outras drogas podem ser encarados de várias maneiras, mas sua face mais conhecida é a de uma simples má escolha a que o indivíduo se submete. Porém, num país tão marcado por desigualdades e pobreza pobreza, a droga, muitas vezes, não é apenas uma escolha, é uma saída desesperada ou ainda o próprio sustento.

Para a atual administração de São Paulo, a questão dos viciados é vista como problema de saúde pública e a aposta da prefeitura está nas internações compulsórias. Metaforizando, estão buscando curar os sintomas, mas não as causas da doença.

Ademais, a longo prazo, um morador da cracolândia internado a contragosto, morador de rua e rua, que garante sua renda através de ações criminosas criminosas, teria alguma chance de se recuperar socialmente depois do devido tratamento? De conseguir um emprego, moradia e educação de qualidade para manter-se longe das drogas? Salvo alguns casos, a maioria retorna à estaca zero, levando consigo milhões de reais investidos.

Assim, a internação compulsória, além de ser uma prática agressiva e que fere claramente os direitos humanos humanos, já que nem todos os dependentes necessitam desse tipo de tratamento, se mostra eficiente apenas a curto prazo – enquanto o dependente está na clínica sendo controlado por medicamentos - e relativamente agradável às classes superiores que passariam a não mais temer a região do centro de São Paulo.

Por fim, o primeiro passo para a redução do número de usuários e traficantes nos próximos índices reduzir o número de usuários e traficantes no futuro é garantir á à população menos favorecida da cidade e mais vulnerável à influência das drogas, os serviços básicos e principalmente educação e os programas preventivos como o Proerd, realizado pela PM nas escolas. Aos dependentes, a solução emergencial ainda é a internação, desde que que, depois de recuperados recuperados, a prefeitura possa reintegrá-los na sociedade e não simplesmente lançá-los à própria sorte.

Comentário geral

Texto bom, bem escrito. É uma dissertação argumentativa, persegue uma linha de raciocínio, embora de modo tortuoso e sem muita coesão. Há argumentos discutíveis, mas, independentemente de se concordar ou não com o autor, ele soube expor e, em certa medida, defender seu ponto de vista. No entanto, no afã de atribuir a causa única do uso de drogas à pobreza e às diferenças sociais, bem como a intervenção do governo a uma ação visando tornar o centro da cidade local de passeio para os ricos, o autor mostra um reducionismo simplista e não leva em conta muitos outros aspectos do problema, que não se limitam à pobreza.

Aspectos pontuais

1) Primeiro parágrafo: Esse argumento é fraco, pois: a) ainda que existam os pequenos traficantes, que ganham o sustento com o tráfico, o problema são os grandes traficantes, que os abastecem, que ganham muito com a miséria alheia e que não vivem na cracolândia. b) É lícito traficar drogas para o próprio sustento? É lícito alguém se sustentar arruinando vidas alheias? Supõe-se que não, embora o autor dê a entender que sim.

2) Segundo parágrafo: qual o problema de encarar a dependência epidêmica do crack como um problema de saúde pública? Problemas de saúde pública também podem ter origens sociais, econômicas ou culturais. De resto, claro que as causas têm de ser resolvidas, mas isso não impede atenuar sintomas. Não se trata de ações excludentes entre si.

3) Terceiro parágrafo: o argumento também é ambíguo: se o tratamento provavelmente não vai dar certo, é melhor nem tentar realizá-lo? O que o autor propõe: que se deixe a cracolândia lá, com sua legião de zumbis químicos, ocupando uma área pública para cuidar de seus interesses e atacando os cidadãos que arriscam a passar por ali? O autor não afirma isso, apenas aparenta dizer, mas só esclarece sua posição no parágrafo final, gerando espaço para mal-entendidos e contradições.

4) Quarto parágrafo: o argumento aqui chega a ser caricato. Mesmo que a região se visse livre dos usuários de crack, os ricos não iriam necessariamente parar por ali. No mínimo, esse argumento poderia ser sofisticado, dizendo que a desocupação vai beneficiar a especulação imobiliária (embora isso também seja discutível).

Competências avaliadas

As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Título nota (0 a 1000)
Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 200
Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. 150
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 150
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. 100
Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. 150
Nota final 750

Redações corrigidas

Título nota (0 a 1000)

Os textos desse bloco foram elaborados por internautas que desenvolveram a proposta apresentada pelo UOL para este mês. A seleção e avaliação foi feita por uma equipe de professores associada ao Banco de redações.

Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica serão aceitas até 2012.

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