REDAÇÕES CORRIGIDAS - Outubro/2019 Agrotóxicos ou defensivos agrícolas: dois nomes e uma polêmica
Superando a insegurança alimentar
No quadro "Os retirantes" (1944), o pintor Cândido Portinari retrata uma família — em condições subhumanas subumanas que denunciam fome e miséria — saindo de sua terra para fugir da seca em busca de um lugar que ofereça condições dignas para viver. Contudo, esse cenário não se limita à arte modernista, uma vez que algumas famílias brasileiras ainda vivem algo semelhante nos dias atuais, devido a à persistência da insegurança alimentar no país. Dito isso, é imprescindível analisar essa questão.
De antemão, percebe-se que a insegurança alimentar faz com que o Estado brasileiro se distancie de seu caráter democrático. Como prova disso, verifica-se uma ineficiência na atuação do Poder Legislativo, uma vez que permitir a liberação de agrotóxicos agrotóxicos, que, com base em pesquisas científicas, são comprovadamente nocivos à saúde humana e ao solo no qual é aplicado são aplicados, pode comprometer o direito à saúde e a manutenção do ecossistema. Sob a ótica do filósofo Charles de Montesquieu, esse cenário pode ser entendido como uma ineficiência na regulação entre os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), o que acaba por prejudicar direitos fundamentais da população.
Além disso, enfatiza-se enfatize-se que manter uma postura pessimista perante a insegurança alimentar tende a dificultar a sua resolução. Todavia, alguns brasileiros têm apresentado certa resignação diante da ausência de, por exemplo, a ampliação de programas de redistribuição de renda voltados para pessoas em situação de vulnerabilidade econômica, bem como uma fiscalização para que apenas famílias que necessitam tenham acesso a esse benefício, o que poderia fortalecer o combate à fome. Esse cenário vem a fortalecer os estudos do sociólogo Zygmunt Bauman, dado que, segundo ele, devido ao pessimismo que se estabeleceu na sociedade após a Segunda Guerra Mundial, algumas pessoas deixaram de buscar soluções para os entraves existentes, fomentando a impossibilidade de se alcançar uma utopia na "modernidade líquida".
Cabe, após o exposto, ressaltar que a segurança alimentar deve ser alcançada. Logo, é necessário exigir do Poder Legislativo, mediante juntamente com os demais poderes republicanos constituídos, a restrição do uso de agrotóxicos comprovadamente nocivos à vida, e também o investimento financeiro em pesquisas científicas para o desenvolvimento de defensivos agrícolas menos agressivos, objetivando garantir a preservação do meio ambiente e a saúde humana. Ademais, deve haver campanhas de conscientização, exibidas nas mídias sociais, para sensibilizar a população sobre a necessidade do engajamento coletivo para, por exemplo, reivindicar do Poder Público a ampliação e uma gestão mais eficiente dos programas sociais de redistribuição de renda existentes, com o intuito de reduzir a fome. Sendo assim, essa condição subhumana subumana ficaria restrita à obra de Cândido Portinari.
Comentário geral
Texto prejudicado por uma compreensão equivocada do tema, que nos fez zerar a nota da competência 2. Vale lembrar que o zero nessa competência poderia levar a um zero no texto como um todo por algum corretor excessivamente rigoroso.
Competências
- 1) Texto bom, que demonstra a capacidade de o autor se comunicar por escrito numa linguagem formal. Os erros são de pouca gravidade. Há problemas de estilo, sem dúvida, que impedem de atribuir uma nota ainda maior à redação: no afã de ser formal, o autor acaba sendo empolado.
- 2) O entendimento e o desenvolvimento que o autor deu ao texto não é, no sentido estrito, compatível com a proposta. O autor discorreu sobre segurança alimentar, que engloba os pesticidas, mas é um tema muito mais amplo do que o proposto. Então, o autor não se ateve ao texto, extrapolando-o e se afastando dele.
- 3) A argumentação é marcada pela ostentação de conhecimento, que se revela nas menções aos autores ilustres, como Portinari, Montesquieu e Bauman. Também há exageros, como jogar a culpa da liberação dos novos tipos de pesticida no poder Legislativo e daí inferir que há um desequilíbrio entre os poderes da República. A menção ao quadro de Portinari é uma faca de dois gumes, pois o que é denunciado ali é a migração dos nordestinos devido à seca e não propriamente a falta de segurança alimentar. Considerá-lo um exemplo de insegurança alimentar e relacioná-lo com os agrotóxicos é forçar uma interpretação da obra, cuja conveniência é ditada pela redação, não pela realidade.
- 4) O autor sabe usar os recursos coesivos da linguagem, dentro dos limites que a sua empolação de linguagem apresenta.
- 5) A conclusão é coerente com o tema que o autor desenvolveu (segurança alimentar), mas não com a proposta. Por isso, o tetxo não alcança a nota máxima nesse quesito.
Competências avaliadas
As notas são definidas segundo os critérios da pontuação do MEC
Redações corrigidas
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