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Priscila Cruz


Priscila Cruz

Um Ministério da Educação competente para uma Educação de qualidade

10.abr.2018 - Manifestação dos servidores, professores e alunos da Universidade de Brasília (UNB) em frente ao Ministério da Educação contra o corte de gastos que atinge a instituição - Glória Tega/Folhapress)
10.abr.2018 - Manifestação dos servidores, professores e alunos da Universidade de Brasília (UNB) em frente ao Ministério da Educação contra o corte de gastos que atinge a instituição Imagem: Glória Tega/Folhapress)

12/09/2018 04h00

Quando o assunto é Educação, crianças e jovens são o alvo. Eles precisam ler melhor, estabelecer boas conexões entre as disciplinas, ser mais críticos e criativos, desenvolver competências que os ajudem a resolver problemas. A Educação parece ser um assunto de responsabilidade só deles, dos educadores e de suas famílias. Difícil é não pensarmos apenas no círculo imediato de pessoas que atuam na área quando sai uma das muitas manchetes sobre Educação (podemos nos orgulhar de estarmos falando mais sobre o assunto!) ou quando nossos filhos têm algum problema.

Nada poderia estar mais longe disso. Se tem uma lição importante para todos nós é que, em Educação, não se faz nada sozinho. Os resultados do ensino dependem de um bom trabalho em equipe. Uma equipe enorme, diga-se de passagem, ainda que desconhecida para muitos. Por trás dos resultados de avaliações como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por exemplo, estão interações entre secretários, técnicos, professores, coordenadores, diretores escolares. Há o envolvimento de autarquias federais, organizações sociais, conselhos de Educação e órgãos colegiados, além do estabelecimento e cumprimento de leis, emendas constitucionais e resoluções normativas.

Entre essa miríade de contribuições, o Ministério da Educação (MEC) executa um papel fundamental. Além de ser responsável por um grande número de funcionários que integram essa rede que orienta as salas de aula, ele é o maestro das políticas públicas educacionais. Por isso, entender a importância da pasta é urgente. Principalmente diante das eleições que se aproximam.

Um novo ciclo democrático será iniciado e não podemos admitir que o MEC seja leiloado politicamente. Recentemente, no EXAME Fórum 2018 , Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma fala muito feliz ao destacar que a população fica ansiosa para saber quem será o próximo Ministro da Fazenda, mas há pouco interesse em quem assumirá a tarefa de liderar as políticas para 48 milhões de alunos e 2,2 milhões de professores – um número equivalente a cinco vezes a população de Portugal e oito vezes a da Finlândia!

Ainda que as políticas voltadas à moeda, às instituições financeiras e à indústria sejam cruciais para superarmos uma constrangedora situação de desemprego e alavancarmos o desenvolvimento nacional, nada será eficiente sem as pessoas. Afinal, os brasileiros são a força criativa por trás de qualquer atividade ou trabalho. Olhar para o MEC é, justamente, dar atenção a essa dimensão humana que não se resolve com essa ou aquela política econômica.

Uma boa equipe para a liderança da Educação requer conhecimentos técnicos em todas as secretarias e instâncias, disposição para o diálogo com a comunidade escolar e a sociedade; além da capacidade para estudar e implementar bons exemplos em larga escala e de articular com as secretarias estaduais e municipais de ensino. Demandar que a pasta tenha o mesmo status e importância que o Ministério da Fazenda, por exemplo, é reconhecer que a formação de qualidade dos cidadãos é, de fato, um dos fundamentos do Brasil e não mais um discurso.

Priscila Cruz