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Priscila Cruz


Priscila Cruz

Eu sou palhaça, graças a Deus

Divulgação/Todos pela Educação
Imagem: Divulgação/Todos pela Educação

30/03/2016 05h00

“Por mais distante / O errante navegante / Quem jamais te esqueceria?...” (“Terra” – Caetano Veloso)

Dia 27 de março foi o Dia do Teatro. Eu devo muito mesmo a ele.

Entre as lembranças mais marcantes da minha época de escola estão certamente muitas experiências vividas nas aulas de teatro, no grupo Palhaços Graças a Deus, com as professoras Linei e Zaira.

Eu sou palhaça, graças a Deus e com muito orgulho!

Uma lembrança, em particular, acho que nunca vou esquecer. Em uma cena, eu tinha que ficar no canto do palco, sozinha, com a cara pintada de branco, nariz vermelho, colante cor de pele, e chorar ao ouvir a música “Terra”, de Caetano Veloso, com uma imagem bem grande do planeta ao fundo. A cena era linda e emocionante. Nunca mais consegui ouvir essa música sem ficar com um nó na garganta.

Associar uma ideia (a música) a uma emoção (a tristeza que minha personagem estava sentindo) criou em mim uma conexão tão forte que, mesmo depois de mais de 25 anos, eu ainda consigo me lembrar da cena com nitidez, da música, do contexto, da preparação, dos ensaios e de tudo mais que estava relacionado com essa experiência.

A conexão entre emoção e aprendizagem já foi muito estudada, e os cientistas continuam descobrindo cada vez mais relações entre elas.

Eu fui buscar, em pesquisas e em relatos de educadores que usam as artes dramáticas como inspiração, os fundamentos para criar estratégias de ensino, e encontrei os seguintes ganhos de aprendizagem possíveis nessas atividades:

  1. elas estimulam a criatividade na resolução de problemas reais e complexos com os quais o aluno raramente tem contato em aulas expositivas convencionais;
  2. desafiam a percepção das crianças e dos jovens em relação ao mundo interior e exterior;
  3. ajudam o aluno a reconhecer e expressar emoções;
  4. desenvolvem empatia e tolerância ao fazer o estudante se colocar no lugar de outras pessoas;
  5. por acontecerem em um ambiente seguro, as ações e suas consequências podem ser analisadas e discutidas;
  6. enriquecem o vocabulário e desenvolvem a capacidade de comunicação oral e escrita;
  7. melhoram a concentração, a autopercepção, a autoconfiança, o autocontrole e a disciplina;
  8. ensinam a trabalhar em equipe, a cooperar, escutar e  lidar com diferentes pontos de vista e com as contribuições dos colegas;
  9. usam habilidades cognitivas e socioemocionais em um amplo espectro e as desenvolvem em conjunto;
  10. promovem a aprendizagem ativa de história, ciências, literatura e outras disciplinas de forma contextualizada, divertida e profunda.

Mas não é “só” disso que o teatro é capaz. Ele é capaz de proporcionar momentos muito divertidos. E não só na escola, mas também em casa!

Ficam, então, duas dicas para se inspirarem: uma sobre teatro de fantoches e outra sobre como montar uma peça com as crianças.

Priscila Cruz