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Priscila Cruz


Priscila Cruz

O que você espera do seu filho?

13/07/2016 06h00

Todas as crianças têm capacidade de aprender e de colocar em prática seu projeto de vida. E essa mensagem deve ser passada e repassada a elas diariamente. Sabe por quê? Porque saber que há expectativas positivas sobre eles e que acreditam no seu potencial de aprender – na escola e fora dela – é fundamental para que possam se desenvolver plenamente a fim de enfrentar a complexa vida no século 21.

Parece fórmula mágica de livro de autoajuda, mas não é. Carol Dweck, uma pesquisadora da Universidade Stanford, fez um experimento com mais de duzentas crianças para provar isso. Nele, um elogio era dito logo após o resultado de uma prova. Para parte das crianças foi feito um elogio à inteligência – como se o sucesso delas fosse decorrente de uma característica pessoal, nata: “Parabéns pela sua inteligência”. Para a outra metade das crianças, foi feito um elogio mostrando que aquele sucesso era resultante de muito esforço e trabalho, ou seja, colocando-as como responsáveis pelo bom desempenho: “Parabéns, você se esforçou e conseguiu um bom resultado”.

O mais curioso aconteceu na parte seguinte do experimento. Perguntaram para as integrantes dos dois grupos – separadamente – se gostariam de receber um novo teste igual ou mais difícil do que o primeiro. Conseguiu adivinhar a resposta? Pois as crianças do primeiro grupo, para não correrem o risco de ver o desempenho cair, solicitaram um teste com o mesmo nível de dificuldade. Já as que tinham ouvido que o desempenho era resultado do esforço escolheram um teste mais difícil!

Com base nisso, a professora Dwek escreveu o livro Mindset – the New Psychology of Success, no qual defende que tudo o que uma criança ou um adolescente escuta o marca de alguma maneira. Acredite: a palavra certa dos pais pode ajudar o desenvolvimento dos filhos. Assim, reuni algumas frases que aprendi lendo Carol Dweck e que podem ajudar seu filho a tomar as rédeas da sua vida escolar desde cedo:

• Você é protagonista e não coadjuvante!

Protagonismo, essa palavra complicada, atualmente na moda, é a capacidade de se ver como ator principal da própria vida, responsabilizando-se por suas escolhas e atitudes. Você pode lembrar à criança e ao adolescente que eles são, sim, responsáveis por sua própria aprendizagem. E que, embora algumas situações exijam um esforço maior, o empenho sempre vale a pena, pois pode ajudar a evitar algumas dificuldades no futuro.

• Parabéns pelo seu esforço!

Água mole em pedra dura tanto bate até que fura! Quando mostramos às crianças que elas mesmas foram responsáveis por aquela nota boa ou por aquele trabalho que ficou muito legal, estamos dizendo que elas são capazes. Se elas não conseguem alcançar um objetivo de imediato, devem continuar tentando. E essa persistência também precisa ser elogiada.

• “Reconhece a queda e não desanima...

Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!” Essa música do Paulo Vanzolini mostra bem a importância de reconhecer o fracasso sem perder a força. Não há mal em errar. Ninguém aprende coisas novas, termina um projeto ou concebe invenções que mudam o mundo sem errar (muito) e recomeçar.

• Quando você não entender, me diga

Opa... Nem todo mundo consegue aprender uma coisa de imediato. Lembra como foi tirar as rodinhas da bicicleta? Mas a criança não pode ficar inibida! Ela deve saber que você e o professor estão ao lado dela para apoiá-la.

• A lição de casa é sua, não minha!

A gente quer ajudar as crianças a resolverem tudo, não é? Mas isso não é bom. Se puder, fique ao lado delas, mas não resolva por elas. Ajude-as a resolver sozinhas. Elas vão ganhar autoestima e autonomia nesse processo.

• Você será um grande profissional...

É bem importante ter altas expectativas sobre o futuro das crianças e dos jovens. Sempre deixando claro que cada passo deles hoje será importante para o seu sucesso no futuro.

• Eu te amo!

Também a segurança, o amor e o carinho são importantes para a criança e o adolescente terem autonomia e mais autoestima ao perseguirem seus projetos de vida.

É claro que não existe uma receita pronta para criar nossos filhos e para que eles sejam felizes, mas certamente as dicas de estudiosos das relações familiares podem nos ajudar a apoiá-los para que realizem seus projetos de vida.

Priscila Cruz