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Priscila Cruz


Priscila Cruz

Manifesto Pela Educação

28/09/2016 10h54

Infelizmente, não é novidade para nenhum de nós que o Brasil não deu a centralidade necessária à Educação no seu processo de desenvolvimento como País. Apesar dos avanços nas últimas duas décadas, ainda temos muito o que fazer. Temos a obrigação de garantir muito mais!

É por essa razão que escolhemos, no aniversário de 10 anos do Todos Pela Educação, realizar um ato pela Educação pública de qualidade no Congresso Nacional com a participação de alunos, professores, parlamentares, gestores públicos e organizações.

Abaixo, está o manifesto lido durante o ato. São palavras com as quais eu tenho certeza que você, que deseja um País mais justo e menos desigual, vai se identificar. Espero que este texto renove a nossa energia e o nosso compromisso com as crianças e jovens para que lutemos pelo Brasil e, consequentemente, por nós mesmos.

O que a vida quer da gente é coragem.*

Coragem de ter vergonha. Vergonha de ter aceitado por tanto tempo, por tantos séculos, crianças e jovens sem acesso a uma Educação de qualidade. A uma Educação a que todos temos direito. A uma Educação que é direito de todos. A uma Educação para fazer do Brasil um País desenvolvido e sustentável. Essa Educação não fizemos direito. É obra que a história nos confiou.

Coragem de admitir que dissemos e ainda dizemos NÃO. Dizemos NÃO às crianças mais pobres. Crianças presas no ciclo da pobreza. Presas no ciclo da exclusão. De geração em geração, em geração, em geração.

Coragem de escrever outra história, História com orgulho, não com vergonha. Orgulho dos passos que vão mudar o destino do Brasil.

Coragem de cumprir a maior, a mais bela, a mais importante de todas as missões: garantir essa Educação a todas as crianças e a todos os jovens. Missão que é comum a todos, que não exclui ninguém. De todos para todos.

Coragem dos governos para agir e colocar a Educação no centro do projeto de nação. O maior projeto.

Coragem para dizer chega, basta! Chega de aceitar que uma criança fique analfabeta. E que um jovem fique sem o aprendizado que prepara para a vida. Chega de aceitar a Educação fora do lugar estratégico para o País e para cada um de nós.

A Educação, no centro, é saúde, é economia, é infraestrutura, é segurança.

A Educação, no centro, muda o rumo do País de uma vez por todas.

A Educação, no centro, pede mais investimento chegando a cada aluno. Na crise ou no crescimento. Investir mais e melhor.

A Educação, no centro, se faz com gente. Valoriza o professor, o principal profissional do País. Melhora a formação e a carreira do docente, do diretor e do coordenador.

A Educação, no centro, avança sempre e com vigor em direção às metas do Plano Nacional de Educação.

A Educação, no centro, É urgente, é inadiável, é prioridade.

É aqui e agora.

A Educação precisa de mais para chegar lá.

Nenhum caminho é tão valioso e tão promissor para cada criança, para cada jovem, como o caminho da aprendizagem, o caminho do conhecimento! Nenhum.

Nesse único caminho está o conhecimento da humanidade. Nesse único caminho estão os valores que nos fazem humanos, cidadãos, trabalhadores, pais, mães, filhos de uma nação.

Esse único caminho distribui as conquistas para toda a sociedade, para um mundo melhor, menos injusto e menos desigual.

Nesse único caminho está a ponte entre o presente incerto e um futuro potente para o Brasil.

Em cada canto do País, em cada estado, cidade, escola e sala de aula, é hora de dar as mãos, de juntar vontades, de descobrir, de valorizar, de construir esse caminho.

Aonde queremos chegar? Aonde vamos chegar? À possibilidade de sonhar, à autonomia, à consciência crítica e ao compromisso com o bem comum. Chegaremos à liberdade!

É essa Educação, essa linguagem comum de liberdade, que nos levará a ser mais que uma simples parte. A ser quem transforma e quem respeita toda a vida ao redor! É essa Educação que fará o Brasil mais forte.

Eu, você, todos nós juntos pela Educação!

*Adaptação livre de trecho de “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa
 

Priscila Cruz