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Priscila Cruz


Priscila Cruz

Esse filho não é meu (?)

Vilmar Oliveira
Imagem: Vilmar Oliveira

13/04/2016 06h00

Nessa semana é preciso falar de nossos direitos.

Na semana passada o Secretário de Educação do Estado de São Paulo deixou muita gente perplexa ao colocar um texto no site da Secretaria dizendo que Educação não está entre as missões elementares do Estado, que a população se acostumou a reivindicar, entre outras afirmações que não cabem a um servidor público responsável pela Educação fazer em pleno século 21.

Vale lembrar, portanto, nessa nossa democracia jovem e hesitante, mas vibrante, que:

Sim, a Educação é direito fundamental de TODAS as crianças e jovens. O acesso ao conhecimento é elementar para a construção da dignidade humana e para o pleno desenvolvimento do potencial de cada pessoa;

Sim, é um direito que todos nós precisamos exigir intensamente, com maior frequência e com maiores expectativas em relação à qualidade e equidade;

Sim, é um direito que deve ser usufruído por todas as pessoas. E, se esse direito universal não é garantido com qualidade em uma sociedade desigual como a nossa, é dever do Estado criar políticas e condições para equalizar as oportunidades;

Não, não nos acostumamos a reivindicar. Na verdade, nosso erro foi termos começado muito tarde a exigir o que é dever do Estado garantir.

Como já falei por aqui, e já é muito sabido no meio educacional, o contexto familiar é determinante para a aprendizagem das crianças e dos jovens. E um dos fatores desse contexto é o engajamento das famílias na vida escolar. Esse é nosso dever também, mas de forma alguma isenta o Estado de suas responsabilidades. 

O maior erro histórico do Brasil é o descaso com a Educação. 

A Educação, sim, ficou anos, séculos, órfã. E finalmente a sociedade começou a não se contentar com qualquer coisa. 

Não é mais aceitável o fechamento de escolas sem diálogo respeitoso com alunos e famílias. Ainda mais quando há ainda tantas crianças e jovens fora da escola (no Brasil, ainda são 2,7 milhões).

Não é mais aceitável que a qualidade do ensino seja tão ruim que sacrifique o potencial e o futuro da nossa juventude.

A escola pública é o espaço para garantir esse direito fundamental à Educação, pelo acesso equânime das crianças e jovens às oportunidades e conhecimentos fundamentais para que se tornem protagonistas de suas próprias vidas.

Só para começo de conversa.

Não somos órfãos, nem reclamões.

Somos exigentes. Finalmente!

Nem precisa de exame de DNA. Esse filho, gestor público, é seu também. É nosso.

Priscila Cruz