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Priscila Cruz


Priscila Cruz

Oito coisas que aprendi com minhas filhas sobre o meio ambiente

01/06/2016 06h00

É nosso papel educar as crianças. Mas a aprendizagem é sempre uma via de mão-dupla, certo? Aprendemos na mesma medida em que ensinamos.

Quem já não se pegou pensando em tantas coisas que as crianças nos revelam todos os dias? Quando o tema é a natureza, então, nem se fale. Elas têm pós-doc: sabem que precisamos de um meio ambiente saudável para viver, ou seja, que, entre outras coisas, precisamos de água, ar e alimentos de qualidade.

Quando as crianças nos ensinam algo é bom para nós, que descobrimos coisas novas e importantes a cada dia, e para elas, pois se sentem muito valorizadas em dividir seus saberes.

Sempre é bom lembrar que a educação ambiental é um tema que vem aparecendo muito nas salas de aula não apenas por sua relevância para a sustentabilidade do mundo, mas também por ajudar as crianças a desenvolverem o pensamento crítico e até soluções inovadoras – é o que aponta, por exemplo, a pesquisadora M. Archie na publicação Advancing education through environmental literacy, de 2003.

Aproveitando que esta é a Semana Nacional do Meio Ambiente, divido com vocês alguns sábios ensinamentos que venho aprendendo com minhas filhas.

1) Brincar na natureza: as crianças vivem pedindo para brincar ao ar livre, não é? Pois elas têm toda a razão! Os ecologistas dizem que andar com os pés na terra, subir em árvores, seguir o caminho de uma formiga e ter contato com as paisagens naturais e com os seres vivos é fundamental para as crianças (e para a gente) perceberem que tudo está interligado e que elas também fazem parte da natureza.

2) Amar os bichos: crianças têm um interesse natural pelos animais. E é muito bacana perceber que essa curiosidade é, ao mesmo tempo, uma vontade de conhecer e cuidar bem do outro. Seja de um animal de estimação, dos animais livres na natureza, de uma plantinha...

3) Não desperdiçar os recursos naturais: às vezes, na pressa, escapa uma torneira aberta. Mas as crianças não perdoam e lá vem bronca: “Mãe, vai acabar a água do mundo!” É um ótimo gancho para conversar sobre a importância do consumo responsável, preservando os recursos naturais, evitando o desperdício.

4) Reaproveitar os recursos naturais: lá no auge da crise da água, as crianças vieram com essa ideia da escola: colocar o balde no banho para reutilizar a água no vaso sanitário. Implementamos, primeiro na brincadeira, mas depois entrou na rotina. Dá trabalho, mas é legal ver como elas levaram à frente o hábito supersustentável de reaproveitamento.

5) Valorizar o compartilhamento: se a escola, os vizinhos ou o clube fazem um bazar, é bem legal participar. Uniformes escolares, livros, roupas e brinquedos em bom estado podem ser passados de um para outro. Essa é uma ideia simples que ajuda a refletir sobre a nossa maneira de consumir e, claro, de economizar recursos da natureza.

6) Separar o lixo reciclável: na escola, as crianças normalmente já têm as lixeiras coloridas separando o que pode ser reciclado do que é orgânico. Fazer o mesmo em casa não é tão complicado quanto parece. Uma amiga que tinha um pequeno jardim foi além e descobriu com a filha como fazer uma composteira em casa. É uma delícia ver a criança perceber que os restos de alimentos podem virar adubo para as plantas. (Bateu uma curiosidade? Clique aqui e veja um passo a passo!).

7) Descobrir de onde vêm os alimentos: nem sempre a gente sabe a resposta certa para aquelas perguntas que as crianças nos fazem, como “Por que a maçã dá em árvore? ”. O ideal é a gente ir atrás da resposta junto com elas. Seja em uma ida ao parque, ao jardim botânico, à fazendinha ou mesmo dando uma olhadela no computador para mostrar de onde vêm o leite, as verduras, as frutas. Até plantar o feijão no pote com algodão é um exercício bacana para toda a família!

8)   Fazer suas ações refletirem suas palavras: no final do ano passado, a ONU compilou uma agenda de compromissos para o Desenvolvimento Sustentável a ser cumprida até 2030, que traz 17 metas, todas extremamente pertinentes, mas algumas, diretamente ligadas ao meio ambiente: uso de energia limpa e renovável, respeito pela vida na terra e na água, saneamento básico e consumo responsável. Compromissos muito bacanas, mas não adianta a gente ter um discurso lindo e na prática fazer o contrário. As crianças percebem logo a falta de coerência!

E você? Quais suas dicas para ajudar as crianças a desenvolverem seu senso de sustentabilidade? 

Priscila Cruz