Medo da volta às aulas? Diálogo é (sempre) a solução
Compra de material, o processo de matrícula, a volta à rotina de sono, o trânsito absurdo para chegar à escola... Os alunos aprendem conteúdos novos e avançam na escolaridade, mas, se tem algo que não muda em todo ano letivo, é o período de volta às aulas!
Sabemos que a transição do descanso das férias para a rotina escolar sempre gera alguns distúrbios, já que nenhuma adaptação é muito fácil. Pensando em tornar esse período o melhor possível, justamente para não ter prejuízos de aprendizagem e de comportamento lá na frente, conversei com a pedagoga Cláudia Petri, gerente de projetos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), para descobrir o que é importante que nós, pais, saibamos nessa época. Que cuidados devemos ter?
Para Cláudia, nada se resolve sem diálogo – seja entre pais e filhos, seja entre pais e a escola.
De volta à rotina
A volta às aulas é sempre uma época de mudança de rotina – ou seja, de restabelecimento de horários – e, segundo Cláudia, acompanhar os estudos dos filhos não é apenas saber o que se passa em sala de aula, mas estar presente justamente nesses momentos do cotidiano, como é o caso da ida à escola.
“Também é importante organizar o quarto ou um canto destinado especialmente aos estudos dos filhos, para que eles tenham um lugar apropriado para se concentrarem nos estudos e na lição de casa”, ressalta. As famílias devem criar suas próprias regras – que, evidentemente, devem ser cumpridas!
O que você aprendeu hoje?
A pergunta clássica para aquele momento em que os filhos chegam da escola não é um clichê à toa: ela é realmente importante. Segundo Cláudia, é conversando e questionando as crianças que se consegue detectar as dificuldades de aprendizagem. “Perguntar o que a criança aprendeu e de que matérias, conteúdos e professores ela mais gosta são formas de saber detalhes da relação dela com a escola”, afirma. “Nesse diálogo, podem surgir problemas de socialização e de compreensão das disciplinas. Isso porque, com a pergunta, a criança repensa o seu dia na escola, e, nesse processo, pode se dar conta dos problemas que enfrentou.”
A ideia de perguntar de forma aberta – e não questionar diretamente: “Tem algo acontecendo de errado?”, ou: “Você não gosta de algum professor?”, por exemplo –, de acordo com a pedagoga, abre espaço para que a criança se expresse sem se sentir pressionada. “Durante a conversa, o pai ou a mãe vão perceber se há algum conflito”, ressalta ela.
Segundo Cláudia, quando os pais fazem essas perguntas, pedem para ver os cadernos dos filhos e se interessam pela vida escolar deles, estão mostrando que valorizam a educação. “Mostrar interesse é valorizar – e isso é fundamental, não importa a idade ou o ano em que a criança ou o adolescente estejam matriculados”, destaca ela.
Participação é direito
Já falamos aqui, mais de uma vez, sobre a importância da gestão democrática nas escolas. Existem diversos mecanismos que permitem que os pais participem efetivamente das tomadas de decisão nas escolas de seus filhos – como é o caso dos conselhos escolares e das associações de pais e mestres (as APMs).
Ela ainda ressalta que deve haver flexibilidade dos dois lados: família e escola. “Muitos pais e mães trabalham fora e não conseguem comparecer às reuniões. Cabe à instituição organizar, por exemplo, encontros nos fins de semana, sempre com o intuito de melhorar e firmar a relação com as famílias”, diz Cláudia.
Por outro lado, ela lembra que cabe aos pais não procurar a instituição apenas na hora dos problemas. “Fazer elogios é importante. Soube que seu filho gostou de uma aula específica – e isso você só vai saber se conversar com ele. Por que não escrever um bilhete elogiando a professora?”, questiona.
Participar da escola é um direito dos pais, assim como as crianças têm direito à aprendizagem! A chave para isso está no diálogo e na escuta.
Comportamento e socialização
A parceria da família com a escola é essencial também para que os pais saibam de eventuais problemas de bullying e conflitos interpessoais dos filhos, ressalta Cláudia. “Quando a família está acostumada a conversar e dialogar entre si, normalmente as crianças e os jovens falam sobre algum tipo de intimidação que venham sofrendo de colegas”, explica. “Mas, quando isso não é um hábito, os pais podem saber do problema pela escola. Por isso, estabelecer esse canal de comunicação com ela – e especialmente com os professores – desde o início do ano letivo facilita o diálogo e a busca de uma solução comum quando ocorrer alguma questão. Afinal, isso é do interesse de todos, e todos podem resolver juntos.”
Ela destaca ainda a importância de os pais estarem informados sobre os problemas da comunidade e/ou do bairro onde moram, uma vez que normalmente são os mesmos da escola. “É importante conhecer a região, porque a casa e a escola estão localizadas nela. São as mesmas pessoas que residem naquele espaço”, explica Cláudia. “Por mais que saibamos que a escola precisa ser repensada como instituição, ainda é nela que se pode realizar um trabalho coletivo e cooperativo com as famílias em prol da formação das crianças e dos adolescentes.”
Ou seja, em linhas gerais, podemos dizer que a comunicação entre família e escola é imprescindível, pelo bem dos nossos alunos!
Espero que as dicas da Cláudia sejam úteis para vocês neste início de ano letivo. Que 2017 seja um ano de muito aprendizado e participação!
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